PAINEL 4 | O Desenho Urbano e O Espaço Público
No 1º painel do 2º dia do I Congresso da Habitação, em Cascais, Filipa Roseta, vereadora da Câmara Municipal de Cascais, começou por apresentar sucintamente os contributos que Cascais quer trazer a público para debate sobre o problema da habitação em Portugal, em particular, nas áreas metropolitanas, assim como o que Cascais está a fazer para solucionar esse problema no concelho.
Tudo começou pela identificação dos edifícios que são propriedade do município que estão devolutos e passíveis de produzirem habitação. Nesse sentido, estão previstos serem intervencionados um espaço em Sassoeiros, no Mosteiro de Santa Maria do Mar (residências para estudantes) e a requalificação do Bairro Marechal Carmona. Este último vai ser o grande tema a discutir neste segundo dia do congresso. “Hoje as cidades devem ser compactas, mistas e inclusivas e queremos trazer novas pessoas para o bairro mas, sobretudo, não perder a identidade do que já existe”, referiu a vereadora ao referir-se ao Bairro Marechal Carmona. “Este tem de ser um projeto economicamente sustentável, socialmente empenhado e ambientalmente consciente”, acrescentou Filipa Roseta.
No que se refere à sustentabilidade ambiental, “queremos que o Bairro Marechal Carmona, depois de requalificado, seja o 1º bairro do país com certificado Lider A ( certificado de bom desempenho ambiental aplicado a empreendimentos construídos)”, referiu, ainda, Filipa Roseta.
Transformar este Congresso num laboratório de ideias e chamar a universidade para que através dos seus estudantes, apresente visões distintas para aquilo que poderá vir a ser o Bairro Marechal Carmona é outro dos objetivos deste debate alargado que está a decorrer no auditório da Casa das Histórias Paula Rego.
Foi, assim, que finalistas da Faculdade de Arquitetura apresentaram 8 projetos, 8 ideias distintas sobre a requalificação do Bairro Marechal Carmona:
A criação de um “Bairro Modular” em que o espaço vai sendo construído ao longo do tempo; o A “Comunidade Lavoisier”, apelando à continuidade em vez da destruição do existente; “(Re)qualificar e (Re)habitar”, respeitando a comunidade de residentes e a memória do bairro, ao mesmo tempo que se introduzem novas tipologias para abrir o espaço a novas pessoas; A valorização da diversidade, da mobilidade e da centralidade como pontos catalisadores da requalificação do bairro; Uma abordagem mais dissonante, com total rutura do que existe, com o objetivo de criar um “City Atrium” e uma nova centralidade com parque urbano e estruturas temporárias que se adaptariam às novas necessidades de uma cidade em constante mudança; O “ Espaço Público: Palco de Comunicação”, com o principal objetivo de concretização de mais espaços de permanência, comércio, serviços, habitação e lazer, “abrindo as portas” à comunidade vizinha; O novo conceito “Rebairrar” ( projeto “Núcleos”) que defende o “Fluid growth”, ou seja, manter o existente, mas com novas formas, através de pequenos núcleos que funcionam como células, gerando um bairro multifuncional; E, ainda, a “Requalificação e Integração Intergeracional” que defende uma intervenção através de dois eixos estratégicos, sendo um comercial que liga o bairro à envolvente e outro eixo cultural que gera um dinamismo interno no bairro.
Foram as ideias apresentadas pelos jovens, umas mais disruptivas, outras mais de continuidade, mas todas com preocupações ambientais, com enfoque no espaço público adaptado às novas exigências e à integração de um conjunto de vivências, as que existem e as trazidas por novas pessoas que irão integrar os novos espaços habitacionais.
Pedida à audiência que comentasse estas ideias, as intervenções foram unânimes em considerar que estas abordagens obrigam a repensar o que é a cidade, em particular, Cascais e aquilo que vai ser daqui a 20 ou 30 anos.
“É muito satisfatório ver futuros colegas a trabalhar um espaço que é emblemático em Cascais, produzindo uma sopa de ideias e dando respostas às quais tenho vindo trabalhar há muitos anos”, referiu João Bacelar, técnico da Câmara Municipal de Cascais.
De acordo com o Protocolo assinado entre a Câmara Municipal de Cascais e a Faculdade de Arquitetura, os projetos serão analisados pelos técnicos camarários, sendo que os autores do projeto vencedor serão convidados a trabalhar com os serviços da Câmara, no projeto final de requalificação do Bairro Marechal Carmona.
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