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Sególène Royal: "A questão climática deverá continuar a ser prioritária"
Quais serão as grandes questões para o debate mundial e como podemos reconquistar a confiança nos políticos?
A grande questão é a saída da crise Covid-19. Todo o mundo foi amplamente perturbado pela Covid-19 e o risco é que a questão climática seja remetida para segundo plano. A questão climática deverá continuar a ser prioritária, apesar da crise sanitária. É esse o grande risco. Não podemos esquecer a crise climática e pensar só no resto. Devemos pensar que tudo está interligado. Que no aquecimento global continuam a existir doenças, vírus, o ébola, … todas essas doenças. Portanto é fundamental que a questão climática continue a ser prioritária [cortar?] O perigo é que seja relegada para segundo plano atrás da saúde… estão ligadas. Há mais mortes devido ao aquecimento global que devido à Covid-19 e não se fala nisso
A Covid-19 mudou a vontade política nas negociações para o clima?
Sim. Mudou. Sente-se. Há mais crianças a morrer por falta de acesso a água potável que de Covid-19, muitas mais. E a falta de acesso à água potável é de igual modo um problema de saúde, tal como a malnutrição…alimentação… são todos problemas de doença e saúde. A questão da saúde é central na questão climática.
No cenário político mundial, podem os resultados eleitorais, por exemplo em França, alterar a forma como os políticos vêm o mundo?
Penso que o que vai mudar será sobretudo nos Estados Unidos. Depois da saída de Donald Trump do acordo de Paris, Joe Bayden vai regressar e isso são boas notícias. Espero que na COP 26 Joe Bayden venha e dê um forte impulso ao plano americano para as questões climáticas. Há uma vontade muito importante nas áreas das energias renováveis, transição energética e ecologia. É preciso que a Europa seja mais determinada, mais forte nesta transição ecológica.
Primeira vez em Cascais?
Não, já aqui estive há alguns anos atrás.
O que pensa deste pequeno canto do mundo?
É magnífico… dizia agora ao presidente da Câmara porque é que não têm táxis marítimos? Representam menos trânsito e menos poluição… Ao que ele me respondeu que é complicado porque no mar há a questão das correntes, das ondas… que é complicado, mas que estão a refletir sobre a criação de transportes dedicados ao longo da costa com viaturas elétricas, automáticas. Em Cascais temos em curso vários projetos relacionados com veículos elétricos, hidrogénio verde… É bom. É uma vitrine. É preciso estar à frente do nosso tempo.
FH/CMC