Está aqui
Pedro Vaz

Reabilitar o Palácio da Cidadela: semelhante tarefa surge como um desafio de dimensões que parecem maiores que o nosso engenho, mas que não podemos recusar. Estuda-se a História, e as várias histórias associadas ao palácio, no sentido de descodificar as razões de ser do edificado. Visita-se o edifício estimando-lhe os valores intrínsecos dos espaços, os diferentes estados de conservação, o potencial de mudança das áreas mais modestas. As ideias desenvolvem-se e amadurecem no cruzamento com as possibilidades e limitações técnico-construtivas e os requisitos funcionais e regulamentares, sempre no compromisso com as estruturas existentes. As ideias esquissadas vão sendo ancoradas aos pontos-chave, limando as sobreposições e incompatibilidades.
A articulação das intenções sobre a realidade do existente vai moldando as pretensões do programa funcional ao edifício. A irrealidade pensada, trabalhada
sobre a realidade desenhada, vai tornando-se numa nova realidade, mais complexa e regenerada.
O passado impõe-se, mas não tolda a capacidade de ler o conjunto. A entrada dos fatores na mesa da criação é sincrónica e ubíqua. O pretérito presente, o presente contemporâneo e uma imagem do futuro desejado vagueiam no lápis, procurando na síntese assegurar a legibilidade dos fatores que se elegeu como determinantes, conjugados numa síntese harmónica. O projecto continua na obra, onde novas decisões se requerem amiúde. Afortunados os que têm a oportunidade de gerir os imponderáveis da obra e a reavaliação de opções do papel, que tornam vivo o processo.
No final, o sentimento é de gratidão. Por poder participar na história do palácio.
Arquiteto
Opinião Cultura in C - Boletim Municipal, nº5, Dezembro 2011)