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Maria Ortélia Almeida

Maria Ortélia Almeida tem 69 anos e uma experiência profissional de 40 na área das ciências documentais. Entrou para a Câmara há quinze anos com a missão de ajudar a criar a Rede de Bibliotecas Municipais, sistema que hoje permite a qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo, consultar via internet, os milhares de títulos do acervo das bibliotecas de Cascais, podendo também reservar. Quando em 1997 chegou a Cascais, nas bibliotecas exis-tiam apenas fichas manuais, por isso foi necessário iniciar todo o trabalho de tratamento documental e de informatização. Graças ao seu empenho e ao da equipa que com ela trabalhou desde o primeiro momento, a Rede de Bibliotecas de Cascais dispõe de uma base bibliográfica com mais de 110 mil volumes (livros, multimédia, etc.). Este é no entanto, um trabalho que nunca está terminado porque as bibliotecas estão em constante atualização, adquirindo novos títulos.
Natural do distrito de Aveiro, Maria Ortélia fez a escola primária e o liceu em Moçambique, tendo vindo para Coimbra em 1959 para estudar Filologia Germânica, licenciatura que veio a terminar em Lisboa, onde vive desde 1969. O seu encontro com as ciências documentais aconteceu por acaso, até porque na altura não era comum ver bibliotecários que não fossem formados em História. Maria Ortélia era docente, mas o rumo da sua vida mudou quando, em 1971, não conseguiu colocação e lhe apareceu a possibilidade de ir trabalhar para o Fundo de Fomento da Habitação (FFH), onde pela primeira vez se cruzou com a biblioteconomia. Uma paixão que perdura até hoje. No FFH foi trabalhar com um arquiteto que tinha constituído um centro de documentação especializado em arquitetura, habitação e urbanismo. Começou a fazer a indexação e veio a chefiar o centro de documentação. A dedicação pelo traba-lho que desenvolvia como documentalista valeu-lhe experiências além-fronteiras, em Angola e Moçambique, onde trabalhou em projetos ligados à criação de bibliotecas e aquivos do Estado.
O rigor que exigia do seu trabalho levou-a mais tarde a fazer a pós-graduação em ciências documentais. Colaborou ainda com empresas como a SISMET e INTERSISMET, onde desenvolveu trabalhos para algumas autarquias e iniciou conhecimentos de informática que lhe permitiram desenvolver bases de dados documentais, quando ainda nem havia muitos computadores. Esteve também ligada à Hemeroteca de Lisboa e à Câmara do Seixal, onde integrou a equipa responsável pela informatização da biblioteca pública municipal.
Como reconhecimento pelo trabalho realizado na Câmara Municipal de Cascais foi distinguida, em 2011, com a Medalha Municipal de Serviços Distintos. Aposentada há alguns meses, diz que, por agora, a sua atividade passa por cuidar da mãe com 95 anos, atua-lizar algumas leituras e frequentar a Academia Sénior da Cruz Vermelha da Parede. Mas, confessa, gostaria também de desenvolver trabalho de investigação na área das ciências documentais. Pelo menos, uma vez por mês visita os colegas e sente saudades do ritmo da sua atividade profissional.