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Luís Duarte
Aos três anos de idade os pés começaram a deixar os sapatos para calçar os pequenos patins. Aos seis jogava no Dramático de Cascais e outros clubes seguiram: Parede, Benfica, Caxias, Belenenses, entre outros. Mas é como treinador que obteve as maiores vitórias, aquelas que o fizeram crescer enquanto profissional, enquanto homem.
Luís Duarte é o cascalense que faz parte da Federação de Patinagem de Portugal, há quatro anos, como técnico nacional e foi com essa responsabilidade que levou a Seleção Nacional Sub-20 de hóquei a conquistar o título mundial da categoria, após vencer a Espanha, por 4-1, no passado dia 13 de outubro, em Cartagena, na Colômbia. “Estou muito orgulhoso da nossa vitória mas o mérito é de todos aqueles que fazem parte da equipa e daqueles que acompanham os jogadores” reconhece ao “C”, Luís Duarte.
Passados 10 anos, Portugal conseguiu o feito de conquistar novamente o título mundial derrotando a temível Espanha, considerada por todos uma equipa muito aguerrida: “Espanha têm o dobro dos atletas de Portugal e uma cultura muito diferente da nossa. Têm uma mentalidade para o treino e para o desporto que nós não temos em Portugal e com condições para o hóquei que nós não temos.”
Sobre isto muito haveria a dizer. Mas o técnico ainda espera ver o hóquei em Portugal como um desporto tão enaltecido quanto o futebol: “Tenho pena que o hóquei não seja um desporto com a mesma projeção que o futebol. Isso acontece muito por culpa dos portugueses e dos meios de comunicação social. Toda a gente sabe o que é o hóquei em patins em Portugal e toda a gente conhece alguém que jogou ou joga hóquei.”
Oeiras, Paço de Arcos, Sintra, Valongo, Braga, Barcelos ou Porto são exemplos de clubes modelos, a nível nacional, pela formação que oferecem aos atletas na opinião do técnico.
Firme nos lemas de vida e considerando a atividade física fundamental na vida de qualquer cidadão incute nos seus alunos enquanto professor de Educação Física, na Escola Ibn Mucana, em Alcabideche, o prazer pelo desporto inclusive o hóquei: “O hóquei é uma atividade que está incluída nos programas escolares desde o 1º ciclo e como é evidente eu desenvolvo a modalidade com todos os alunos. No meu tempo de escola havia pouca diversidade, agora eles podem praticar várias modalidades e até escolher a que mais gostam.”
Considera-se um homem exigente e isso faz dele um profissional igualmente exigente que encontra na ambição, humildade, competência e união, valores fundamentais para um bom homem e atleta. “Foi também isto que deu a vitória a Portugal” garante.
Luís vai somando títulos ao seu currículo. Pondo de parte os títulos nacionais e regionais, dos diversos clubes por onde passou, o treinador conta com dois títulos europeus, um 2º lugar num mundial e um mundial. Isto em apenas quatro anos: “Não sou nenhum Mourinho. Sou o Luís Duarte do hóquei mas retiro dele o que de melhor ele faz, nunca deixando de ser quem sou!”
O técnico português é além de professor de educação física há 14 anos mentor de um projeto de férias desportivas intitulado Clinicas de Verão: “É um trabalho que desenvolvo, há 13 anos, em conjunto com o Carlos Pires, professor da escola Frei Gonçalo Azevedo, virado para o hóquei.”
Aquele que já fez patinagem de velocidade e criou uma equipa feminina de hóquei no concelho, orgulha-se de viver em Cascais e admite que muito se tem feito pelo desporto apesar de existir a necessidade de se fazer mais, principalmente pelo hóquei: “O Dramático de Cascais era um clube muito distinto na modalidade e com grande sucesso. É com muita pena que constato que hoje em dia isso não acontece.”
Questionado sobre um futuro na seleção principal assegura: “Por enquanto não é um objetivo. Sei que tenho algumas lacunas e muito a aprender mas não quero dar um passo maior que a perna. Estou bem como estou.” Mas uma coisa é certa Cascais continuará a ser o local de eleição do treinador. Definitivamente.