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José Vera

Há quem acredite nos signos. E talvez eles ajudem a explicar alguma coisa. Os astros dizem que é “Leão”; a garra com que agarra o seu trabalho e com que tenta resgatar cada pessoa que lhe chega às mãos comprova-o.

José Vera, homem de trato fino e suave, é médico na unidade de infeciologia do Hospital de Cascais. Já não se lembra como é que optou pela medicina mas lembra-se do momento que, talvez, lhe tenha traçado o destino: ainda nos tempos de liceu, não se dava bem com o “grego” e foi isso que o levou a mudar de área. Ainda bem, dizemos nós. José Vera trabalha desde 1994 com doentes infetados pelo VIH e recorda com mágoa e espírito crítico os primeiros tempos de uma epidemia com que o país lidava com a dificuldade de quem teme o desconhecido e de quem não é capaz de vencer o preconceito. É nessa altura que é criada uma unidade de infeciologia em Cascais e José abraça a gigantesca tarefa de tratar quem lhe chega às mãos, toxicodependentes na maioria. Apesar de todos os esforços, José reconhece que os doentes não eram bem tratados. Não que lhes faltasse apoio e dedicação médica, mas porque faltava muita coisa a nível farmacêutico e tecnológico.

Hoje, muita coisa mudou. Para melhor. De epidemia do século o VIH passou a doença crónica que, controlada, é uma doença como outras doenças. Ainda assim, os desafios de José não lhe permitem baixar a guarda e é por isso que continua a trabalhar na prevenção em escolas e a dar palestras no projeto “Passe Bem”, da Ser+. Hoje, como ontem, o VIH não dá tréguas mas é a falta de dinheiro para os doentes pagarem consultas que mais o inquieta. Isso, e a “exclusão” - uma atitude que nunca mudou perante o “papão” do VIH. José gostava de poder explicar e convencer todos que, nos nossos dias, as mulheres infetadas podem ser mães, que os pais podem brincar com os filhos e os avós com os netos.

Tudo com qualidade de vida. Otimista, crê que a vacina de prevenção do VIH talvez possa surgir no longo prazo. Enquanto esse momento não chega, é nas suas palavras de médico, mas também de psicólogo e amigo, que muitos doentes encontram refúgio e dignidade no meio da adversidade. Quanto ao resto, ao progresso da medicina e da ciência, José já não arrisca tantas certezas. Contudo, de uma coisa está certo: se algum dia tivesse de fazer outra coisa qualquer, seria sempre no campo da saúde. Porque apesar das dificuldades, dos obstáculos e do caminho longo e sinuoso que já percorreu, José Vera é um homem realizado com o que faz. E centenas de pessoas agradecem-lhe por isso.
 

Cascais Digital

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