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Fátima Andrade
Maria de Fátima Pereira Lopes dos Santos Andrade, nasceu em Setúbal, a 13 de março de 1961. A terceira de quatro filhas do casal alentejano João Santos e Donatília Pereira.
Conhece o concelho de Cascais desde os três anos, idade com que veio morar para Alcabideche. Fátima é uma pessoa determinada, de grandes decisões. Por isso não se estranhe que aos 14 anos tenha optado por não estudar e ingressar no mundo do trabalho. “Sempre fui muito ativa e queria ser independente”.
Do pequeno café de bairro onde se estreou até à Divisão de Juventude e Conhecimento, foi escrevendo linhas de currículo passando por várias organizações: Hotel Sintra Estoril, Norway Lines, Clube de Ténis de Carcavelos, Clube Mimosa, Jardim de Infância de Tires, só para citar algumas.
Por onde passou, Fátima fez de tudo um pouco com um fôlego notável: serviu cafés, foi empregada de quartos, de bar, camaroteira, secretária, fez figuração em novelas, telefonista, segurança, auxiliar da ação educativa, administrativa. E hoje é psicóloga. Não colecionou funções, compilou experiências. A vida nem sempre lhe sorriu mas nunca baixou os braços. Foi sempre à luta.
Passou pela Escola de Hotelaria do Estoril onde tirou as carteiras profissionais que a habilitavam a exercer funções no ramo hoteleiro. Foi precisamente a sua experiência na hotelaria que lhe deu os requisitos de que precisava para ir trabalhar para os navios cruzeiros.
Aliciada por uma colega, que desperta o seu espirito aventureiro,embarca em Bergen (Noruega) no M.S. Black Prince. Nunca mais iria ser a mesma: “A convivência com os nórdicos mudou a minha forma de estar e de ver a vida.”
Mas nem tudo foi fácil neste mundo de luxo que muitos pintam a cor de sonho. “Os primeiros tempos foram horríveis… sentia a falta da minha família. Para além de que nunca tinha andado de barco, nem num barco a remos. Andava sempre enjoada. Não podia tomar comprimidos que me davam um sono terrível. Fiz e desfiz as malas uma porção de vezes”, recorda Fátima.
Como desistir não era o seu lema, agarra-se ao trabalho de camaroteira que a ocupava 10 horas por dia. Pensava ir por três meses mas acaba por ficar três anos, de 1985 a 1988. “Foi uma experiência inacreditável. Conheci uma parte do mundo”. Aproveitou as pausas, para conhecer os locais onde o navio atracava - Lanzarote, Tenerife, Las Palmas, Madeira, Escócia, Alemanha, os Fiordes da Noruega. “É diferente trabalhar num navio cruzeiro, quando acaba o turno não vamos para casa, mudamos apenas de piso”. Por cada três meses no mar passava um em casa. Durante esse tempo, a sua família foi também a sua tripulação.
Em 1997 entra como telefonista para a Câmara de Cascais. Regressa à Escola Secundária de Rio de Mouro e, mais tarde, forma-se em psicologia no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Hoje, dá consultas de Psicologia aos jovens utentes do Espaço S – Saúde e Sexualidade, da Divisão de Juventude e do Conhecimento.
É membro da Comissão de Proteção de Menores em representação do serviço. Fátima considera-se uma mulher “realizada” apesar de continuar a ser uma “uma aprendiz da vida”. E em toda a sua vida, há um denominador
comum nas funções que ocupou – o contacto direto com as pessoas. Ou, nas palavras de Fátima, “sentir o coração do outro”.