Cascais prepara-se para a aprovar o Plano de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas. O documento de trabalho, com ações concretas que resulta da integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na política autárquica, para promover a mudança de comportamentos, foi apresentado perante uma audiência de 130 técnicos nesta área.
Contendo a estratégia municipal, traduzida em ações concretas, muitas delas já programadas, o plano resulta da integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na política autárquica e visa promover a mudança de comportamentos: “pela primeira vez na história da vida dos municípios e em Portugal, apresentamos um plano que vem materializar as medidas que nos podem tornar mais sustentáveis, mais resilientes”, adiantou Carlos Carreiras, durante a sessão de apresentação do Plano de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do concelho. Para o autarca não há dúvidas: “as cidades serão os motores da mudança no próximo século. E a missão da cidade é defender os cidadãos”.
Entre as ações já concretizadas a nível local, está o desenvolvimento de espaços que fomentam a mobilidade suave, como os trilhos em plena natureza, cujo exemplo mais recente é o trilho da Ribeira das Vinhas, ou a renaturalização dos espaços naturais, como o que se tem feito na Quinta do Pisão, a promoção de ações de educação ambiental, como tem sido feito nas escolas do concelho.
Mas há muito mais, sendo que o plano irá ser aprovado muito em breve em sede de reunião de Câmara.
“O problema das alterações climáticas vai afetar as gerações futuras e é um problema que todos temos de enfrentar”, referiu esta manhã, Filipe Duarte Santos, Professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Para o cientista que ressaltou o facto de 80 % das fontes de energia usadas hoje em dia serem combustíveis fósseis que “não podemos deixar de as usar de um dia para o outro”, mas não podemos continuar a contribuir para isso”.
“O papel das cidades é crucial para a adaptação das populações às alterações climáticas”, referiu ainda, exemplificando que, ao ritmo atual, se nada for feito, “dentro de mil anos, Cascais o nível médio das águas do mar terá subido entre 35 a 50 metros”.
Daí a importância de ações concretas que contribuam para a mudança dos hábitos e comportamentos dos cidadãos a diversos níveis.
Aos jovens está reservado o papel de protagonistas nestas ações e são eles, como refere Paulo Silva, um dos participantes no debate que envolveu jovens de diversas associações de Cascais: “este tipo de temas tem de ser massificado e a melhor forma de o fazer é através da escola”.
Luísa Schimdt, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa vai ainda mais longe, responsabilizando os cidadãos desde cedo: “as crianças podem ser agentes de monitorização das questões ambientais, nomeadamente das alterações climáticas”.
Energias renováveis mais competitivas
As boas notícias são, segundo Filipe Duarte Santos, que as energias renováveis estão a tornar-se mais competitivas, com preços mais baixos e maior utilização.
Marégrafo de Cascais é uma referência mundial
A contribuir para a credibilidade científica da medição da subida do nível médio das águas do mar está o marégrafo de cascais, que foi visitado pelos participantes. “Inaugurado em 1860 pelo Infante D. Luís, o marégrafo de Cascais é uma referência a nível mundial”, referiu o professor Filipe Duarte Santos.