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As boas vindas ao ano letivo na Vila Romana de Freiria
O cenário da cerimónia de boas vindas à comunidade educativa para o novo ano letivo, bem representada nos passadiços da Vila Romana de Freiria, bem poderia sugerir um conhecido conto de Mário de Carvalho, misturando personagens com mil anos de distância. E, à medida que os representantes da comunidade educativa cascalense se iam distendendo pelo longo passadiço que serpenteia as ruinas da Vila Romana de Freiria, guardando as devidas distâncias, iam-se cruzando com personagens que pareciam ter emergido das pedras.
Logo à entrada, uma suposta escrava de Titus, aquele que terá sido o proprietário daquela velha Villae rústica do primeiro século depois de Cristo, dava as boas vindas, logo seguida do Titus Curiatius Rufinus em pessoa, ou melhor, à semelhança do que se presume ter sido em pessoa, sem poupar nas vestes, a cáliga (a sandália dos cidadãos da Roma Antiga), com o pormenor da túnica, a estola e a toga do senhor, para distinguir a relevância social do personagem.
O diálogo ia furando a distância do tempo, eles, sugados das pedras, explicavam a arquitetura da vila, sobretudo a coerência funcional daqueles edifícios, como se às ruinas erigissem paredes e lhe acrescentassem pessoas, equipamentos e funcionalidades, e ainda com a pitada de humor que a cultura não despreza.
Ora, vindo isto a propósito da cerimónia de abertura do ano letivo, a comunidade educativa cascalense, antes e depois dos discursos que salientaram as preocupações sanitárias - que a atualidade pandémica, ainda como cenário, exige – e deram a boa nova da erradicação de todo o amiante das escolas de Cascais, homenageava a importância da educação não formal em todo o processo educativo, destacando esta Vila de Freiria como um recurso entre tantos outros, que está para o ensino da história, assim como, por exemplo, o Pisão, está para o ensino da biologia, ou da botânica ou para a educação ambiental, muito mais premente no tempo atual que na velha Villae de Freiria. HC/PR/LB/CMC