"Um ator precisa de se reciclar constantemente. Trabalhamos com as nossas emoções, vivências e sentimentos, e se não formos aprendendo técnicas para colher de caixinhas diferentes podemos cair no erro de ir sempre à mesma, acabando por a esvaziar."
O ímpeto pelo teatro começou ainda em criança quando inventava personagens, criava mundos e fascinava a família com as suas representações. Guiada por esta paixão, Cláudia Semedo agarrou a oportunidade de fazer a sua formação na Escola Profissional de Teatro de Cascais em 1998. Saudosa, relembra esses tempos e não tem dúvida que esta Escola a formou não só como atriz mas também como pessoa.
A sua professora de Estética Teatral, Ana Coelho, sempre a advertiu para o impacto que o curso na sua vida. Conselhos sábios, como bem veio a perceber. Profissionalismo, pontualidade, personagens bem preparadas e texto na ponta da língua, são exigências dos mestres da Escola, como explica: “Depois da formação ficamos com um sentido de rigor e de seriedade na abordagem teatral, elementos em que a Escola é exímia. Mesmo os colegas com quem me cruzo percebem logo que sou da Escola de Teatro de Cascais, o que para mim é um grande orgulho”.
Cláudia Semedo diz mesmo que quem passa pela Escola Profissional de Teatro de Cascais é um privilegiado por ter a oportunidade de aprender com grandes mestres como Carlos Avilez e João Vasco. Entre ensinamentos e métodos, professores e alunos criam-se também estreitas e sólidas relações que perduram pela vida fora. Uma relação que só é possível porque durante três anos trabalham como matéria-prima a expressão, a oralidade e os sentimentos.
Estreou-se no teatro Nacional D. Maria II , em Lisboa, com a peça “A Viagem de Pedro, o Afortunado”. Mas não ficou por aqui. Mulher de projetos e sedenta de conhecimento, abraçou uma carreira orientada não só para representação mas também pela rádio, televisão, cinema, escrita e pintura. Considera que a formação é essencial e deve ser uma constante ao longo da vida, por isso, ao seu currículo juntou a licenciatura em Jornalismo, na Escola Superior de Comunicação. “Um ator precisa de se reciclar constantemente. Trabalhamos com as nossas emoções, vivências e sentimentos, e se não formos aprendendo técnicas para colher de caixinhas diferentes podemos cair no erro de ir sempre à mesma, acabando por a esvaziar” reforça.
A veia de escritora e ilustradora, guardada em segredo, é despertada pelo convite da Plátano Editora para escrever um conto e aí surgiu a oportunidade de publicar uma trilogia infantil a seis mãos. Cláudia e as irmãs mais velhas, Ivana e Lenira, sempre muito próximas, passaram para o papel as histórias da infância: “Adormecer Sem Medo”, “Sonhar Sem Medo” e “Acordar Sem Medo”, resultando na primeira obra literária das irmãs Semedo. Com interesses multifacetados, Cláudia refugia-se na pintura como forma de se evadir do ritmo alucinante do dia-a-dia.
“Eu pinto para não pensar!”. Aos 31 anos, a jovem de raízes africanas e de sorriso cativante ambiciona continuar a trabalhar naquilo que a torna mais feliz. Enquanto apresentadora gostaria de abraçar um programa de talentos. “Gosto do ritmo e seria um privilégio acompanhar a aprendizagem e crescimento de pessoas que são completamente apaixonadas pelo que fazem”. Imparável, vive tanto a vida pessoal como a profissional de forma sentimental e com o sorriso que a caracteriza. Cláudia Semedo continuará certamente a abrilhantar os palcos e os ecrãs da televisão.