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Carla Cardoso
Sonhava ser bombeira, mas não teve aprovação do pai. Trabalhou como vendedora numa empresa privada mas quis o destino que fosse taxista.
Para Carla Cardoso, o dia começa com o rigor da madrugada para tratar dos animais de estimação, fazer e tomar um bom pequenoalmoço e levar o filho mais novo à escola, Carla tem de sair da cama às seis da manhã. É só duas horas depois, por volta das oito da manhã, que apanha a sua “primeira corrida”.
Foi com o total apoio da família que Carla decidiu ser taxista, não a tempo inteiro. Divide o “local de trabalho”, o táxi, com o seu marido e consegue conciliar a vida profissional com a familiar e diz que tem “tempo para tudo”.
Ao longo de oito anos em que é taxista, Carla foi ganhando defesas num mundo predominantemente masculino e onde todo o tipo de clientes se misturam.
Quando ouve algum piropo, “já não liga”. Mas recorda histórias menos ortodoxas vividas no seu táxi, como a de um jovem cliente que, no final da corrida, lhe entregou um papel com um número de telefone e um convite para café. “Não me contive. Ri, ri, disse-lhe que era uma mulher casada e com filhos.”
Apesar dos insólitos, Carla sente que há cada vez mais respeito dos outros condutores pelas mulheres á frente de um volante. É a deixa para desmontar uma provocação sexista da sabedoria popular. “Mulheres ao volante, perigo constante? Nem pensar nisso! As mulheres até são mais cautelosas do que os homens”, responde entre risos contagiantes que combinam com a mulher espontânea e vivaça com quem falamos.
Mais a sério, Carla Cardoso, de 40 anos, admite que o tempo “das mulheres na cozinha” já foi ultrapassado e que há vários estereótipos a ser quebrados, ainda que lentamente. Como o preconceito associado ao facto de ser uma mulher taxista, que Carla considera já não ser visto de “forma estranha”.
Também os seus colegas, homens, reforçam a ideia de não deve haver obstáculos a que as mulheres sejam taxistas, sublinhando até que as senhoras são muito aptas para realizar este tipo de trabalho.
E será que Carla trocaria a profissão de taxista por qualquer outra? Carla é peremptória: “Não trocaria por nada, porque o dinheiro não é tudo.”
Vamos, por isso, continuar a cruzar-nos com Carla Cardoso pelas ruas de Cascais. E não se aventure em despiques. Ao volante é Carla e o seu bom senso quem mandam.