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Filipe Silva
Os amigos dizem que desde muito cedo demonstrou esse traço na sua personalidade, e por isso, quando sentiam necessidade de desabafar era a ele que recorriam. E os seus amigos estavam certos porque mais tarde a sua opção profissional e a sua missão na vida encaixaram-se na perfeição quando decide trocar o curso de Economia pela Psicologia Clínica. Filipe Silva recorda-se que, naquela época, muitos dos seus amigos enveredarem pelo caminho das drogas, e de como essa escolha lhes complicou a vida.
Quando no final da licenciatura teve que fazer o estágio, não foi por acaso que escolheu fazê-lo numa comunidade terapêutica do concelho, a Casa da Barragem. No final do estágio soube que o Centro Comunitário de Carcavelos precisava de uma pessoa com a sua área de formação para trabalhar com a população sem-abrigo. Foi a uma entrevista e teve a sorte de ser selecionado. Já teve outras propostas profissionais, mas diz que não está minimamente arrependido das opções de vida que tomou porque entende que recebe muito mais do que dá das pessoas com quem lida todos os dias. Todos o tratam pelo nome próprio, como se fosse um amigo ou um membro da família com quem criaram laços muito fortes.
Filipe afirma que estas pessoas têm muito para dar e ensinar a todos nós. A mais-valia do seu trabalho reside no facto de não passar apenas por ajudar os sem-abrigo a suprir as necessidades básicas do momento, mas por traçar um projeto de vida para cada uma dessas pessoas que possibilite a sua integração social na comunidade. Ao falar de si, Filipe sente-se um felizardo porque pôde sempre contar com o apoio da família. Também tem sonhos na vida, mas como explica, o maior de todos “é ficar desempregado” porque isso poderia significar que um dia mais ninguém teria que passar pelo drama de vida de um sem-abrigo.