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Seminário Internacional "Diálogos Possíveis: A Ousadia da Antecipação do Futuro"

Conferência promoveu o diálogo e o encontro de práticas para o desenvolvimento sustentável

O Centro Cultural de Cascais foi palco do Seminário Internacional "Diálogos Possíveis: A Ousadia da Antecipação do Futuro", uma jornada de trabalhos que pretendeu abrir caminhos e debater desafios e oportunidades nas agendas de água, clima, paz e soluções baseadas na natureza, visando o desenvolvimento sustentável para os países falantes de língua portuguesa.
A conferência, organizada pelo Instituto Espinhaço e pela autarquia, decorreu no dia 24 de janeiro, na continuidade da assinatura de um Acordo de Cooperação, assinado no dia anterior, nos Paços de Concelho, entre estas duas entidades. Foi selado e oficializado um compromisso mútuo, com vista a enfrentar os desafios climáticos globais, promovendo um modelo de cooperação inovador que une os países de língua portuguesa em prol do desenvolvimento sustentável.
No dia 23 de janeiro foi também inaugurada a sede do Instituto Espinhaço, em Cascais. Localizada no Edifício Tardoz, reforça a presença do prestigiado Instituto Espinhaço no concelho, promovendo a integração no ecossistema de inovação e sustentabilidade, na prossecução do objetivo de tornar Cascais uma referência para o país e para o mundo, em áreas cruciais para o Planeta e na criação de um mundo melhor. Este acordo é mais um passo para a expansão da missão e impacto global de Cascais, reafirmando o seu compromisso como um município pioneiro e líder em ações climáticas e consolidando a sua posição como uma referência internacional em sustentabilidade.


Combate às alterações climáticas

Na conferência, especialistas, decisores e organizações dos países lusófonos debateram, assim, caminhos e oportunidades para enfrentar os desafios globais com soluções locais. Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, abriu a sessão, começando por agradecer a vinda de tão longe da comitiva do Brasil, na pessoa de Luiz Cláudio Oliveira, presidente do Instituto Espinhaço, reforçando que será desenvolvido “um trabalho profícuo e muito positivo”, e salientando o posicionamento de Cascais na liderança no combate às alterações climáticas, “unindo esforços com os nossos parceiros lusófonos”. Sublinhando o nome da conferência, numa antevisão do futuro, frisou que o acordo com o Instituto Espinhaço reforça a determinação em promover soluções sustentáveis que “criem um impacto positivo, não só na nossa comunidade, mas também na comunidade mais alargada dos países falantes de língua portuguesa”.
Palavras que foram espelhadas por Luiz Cláudio Oliveira, presidente do Instituto Espinhaço, tendo sublinhado a importância da parceria, e salientando a convicção de que Cascais é um parceiro estratégico fundamental para o Instituto Espinhaço e que “juntos poderemos criar modelos que, não só enfrentem a crise climática, mas também inspirem outras comunidades a seguir o mesmo caminho.”
Após as boas-vindas, seguiu-se uma mesa-redonda, intitulada “Território, soluções baseadas na natureza, conciliando agendas num mundo em transição”, que contou com o contributo de Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da autarquia, Helena Maria de Oliveira Freitas, Professora Catedrática e Fundadora e Coordenadora do Centro para a Ecologia Funcional na Universidade de Coimbra, Marcelo Pereira. coordenador da AMI-Angola Miombo Initiative, e contou com a moderação de Sérgio Nésio, diretor administrativo de Projetos e Operações do Instituto Espinhaço.

Enquanto responsável da gestão do território na autarquia de Cascais, Nuno Piteira Lopes reforçou que o território é o ponto de partida para praticamente todas as decisões que moldam o futuro, dos pontos de vista social, económico e ambiental. Apontou também as maiores fragilidades que atualmente enfrentamos a nível da gestão urbana, “num contexto em transição, como o que vivemos hoje, num mundo em grande transformação e muito acelerada, enfrentamos desafios cada vez mais complexos e difíceis de gerir.” Neste  crescimento desordenado, com mudanças climáticas muito rápidas, e uma desigualdade social a acentuar-se, o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais relembrou que a autarquia tem “a oportunidade de liderar transformações locais que impactam a nível global”, considerando os desafios que hoje os territórios enfrentam, "com uma expansão urbana, muitas vezes descontrolada, vemos o território a ser ocupado de forma pouco ordenada, sacrificando algumas áreas verdes e aumentando a vulnerabilidade e os problemas, como as enchentes”.  Relembrou também que a mudança climática não afeta todas as pessoas da mesma forma, “comunidades mais vulneráveis são sempre as mais prejudicadas, e cabe-nos a nós, que temos a gestão local, pensar em soluções que reduzam essas desigualdades”. Focando-se no tema da mesa-redonda, em conciliar agendas, destacou que “temos de conciliar aquilo que é o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental e também com os interesses económicos, o que torna tudo isto num equilíbrio por vezes, difícil, mas que é essencial assegurarmos”.

A palavra-chave, para Cascais, é estratégia. “Pensamos sempre em soluções que são baseadas na natureza e neste contexto urbano. As cidades, as vilas podem ser protagonistas daquilo que é a implementação de soluções baseadas na natureza. Essas estratégias não devem servir apenas para preservar o ambiente, mas torná-lo funcional e sustentável para quem vive nesses territórios”, avançou o vice-presidente da autarquia cascalense. E ilustrou com exemplos. “A criação de infraestruturas verdes, de parques urbanos, de grande dimensão, mas também pequenos parques urbanos, de forma a ficarem mais próximos dos bairros. Corredores ecológicos, telhados verdes, investimentos que têm sido feitos em Cascais. Para além das infraestruturas verdes, temos a gestão da água, de projetos de retenção de água da chuva, como lagos artificiais ou sistemas de drenagem natural, não apenas a mitigar as enchentes, mas que ajudam também a gerir e a manter os nossos recursos hídricos. O planeamento do solo, incorporar a proteção de áreas naturais no nosso plano é uma forma de garantir o crescimento da cidade, mas que não ocorra à custa da biodiversidade ou dos serviços de ecossistemas”.

O papel de uma autarquia na conciliação de agendas

Ao nível do urbanismo local, Cascais tem apostado muito na participação cívica, a participação do cidadão. “Na autarquia temos a responsabilidade de ouvir os diversos atores, ouvir os moradores, os investidores, os empresários, mas ouvir também os ambientalistas, as associações ambientais para conseguir criar um território que seja e que sirva todos”.  E um bom exemplo disso é o que tem sido feito com o Orçamento Participativo (OP). “Em Cascais, não há uma distância de 500 metros onde não exista um projeto que tenha sido feito e implementado através do orçamento participativo”. Outra questão que a autarquia também considera relevante é a equidade no uso do território. “É essencial garantir que soluções contemplem também as áreas mais carentes. Precisamos de descentralizar os investimentos priorizar aquilo que são os espaços públicos de qualidade também em todo o território. Não podemos ter grandes parques, jardins e zonas de lazer, apenas nas zonas mais nobres da cidade”, salientou Nuno Piteira Lopes.

A colaboração com outros setores foi também destacada como uma ferramenta útil para assegurar uma boa e eficaz gestão do território. “A autarquia, o poder local, tem a capacidade de poder articular parcerias públicas e privadas, além de poder ir buscar outros recursos a nível nacional, supranacional, até internacional, e por isso conseguir viabilizar com grande sustentabilidade”, afirmou Nuno Piteira Lopes.
De forma a garantir uma liderança local eficaz e eficiente, com um impacto global, a autarquia promove soluções que respeitam os limites de natureza e melhoram a vida dos cidadãos. Foi esse o compromisso assumido neste seminário: “Quando pensamos em urbanismo desta forma sustentada, quando pensamos em planeamento da cidade desta forma, estamos a criar um território mais inclusivo, cidades mais resilientes para o presente, mas, acima de tudo, a criar uma cidade para gerações futuras”.

Homenagem a Mário Soares

Numa altura e coincidência “feliz” em que se comemora o 100.º aniversário do nascimento de Mário Soares, uma mesa-redonda reservou espaço para uma homenagem a esta figura incontornável da política portuguesa, recordando o ex-presidente da República e ex-primeiro-ministro de Portugal por ter sido um dos cofundadores do Instituto Espinhaço. O painel teve como tema “Lusofonia e a antecipação do futuro”, com uma homenagem à memória, além de Mário Soares, também a José Aparecido de Oliveira e a Agostinho da Silva, tendo contado com o contributo, entre os convidados, de João Soares, membro do Conselho Geral da Fundação Mário Soares.

“Antes de avançarmos com este Acordo de Cooperação, eu não conhecia o Instituto Espinhaço, mas já um português, um político português, com uma enorme capacidade de visão, não só conheceu o Instituto, como teve a capacidade de ser o fundador do Instituto Espinhaço. Foi o doutor Mário Soares, uma figura ímpar da política portuguesa”, destacou Carlos Carreiras.

Ver transmissão em direto

No período da tarde, espaço, ainda, para a intervenção de Luís Capão, diretor municipal do Ambiente e Sustentabilidade, na mesa-redonda subordinada ao tema “Bases para o Projeto de Segurança hídrica para Cascais, a partir da restauração ecológica com vegetação nativa em larga escala”.

Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, assegurou a abertura do seminário e também assinalou o encerramento, tendo deixado umas palavras de reconhecimento e de perspetiva de futuras jornadas enriquecedoras de partilha de conhecimento. “Somos fruto daquilo que aprendemos e hoje foi, de facto, uma sessão de grande aprendizagem e de grande antevisão daquilo que posso vir também a experienciar. Conseguimos agregar uns, motivar outros, e é reconfortante saber que não estamos sozinhos e temos, no Instituto Espinhaço, quem desenvolveu um conjunto de processos de experiência e que nos pode passar muito desse ensinamento e aprendizagem. Os ditados populares são sábios, mas nem sempre estão atualizados. O segredo não é a alma do negócio, a partilha é que é a alma do negócio. Certamente esta foi a primeira de muitas realizações que vamos ter com o Instituto Espinhaço”.
Este seminário contou com o apoio institucional da Unesco, da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) e do Center for Functional Ecology.


Sobre o Instituto Espinhaço

O Instituto Espinhaço é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha em favor da sociedade, promovendo tecnologias disruptivas, educação ambiental e práticas sustentáveis que beneficiem as comunidades urbanas e rurais. 

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