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Cascais celebra 50 anos do 25 de abril

Foi bonita a festa

Hoje foi um dia de comemoração e alegria. Assinalar os 50 anos do 25 de abril é celebrar o final de quatro décadas de ditadura e opressão. Há 50 anos, o povo saiu à rua apoiando os militares de abril resultando na instauração da democracia.

E este ano, não poderia ser diferente. Em Cascais, por todo o concelho, decorreram diversas iniciativas para destacar os momentos históricos onde as gentes locais fizeram a diferença.
A União de Freguesias Carcavelos| Parede começou o dia com os hasteares das bandeiras, nos seus edifícios principais, que teve a participação dos corpos de bombeiros da Parede, Carcavelos, bem como foram acompanhados pelas bandas filarmónicas da freguesia - Banda Filarmónica da Sociedade Musical União Paredense (SMUP) e Banda Filarmónica da Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos.

Mas foi na Baía que o ponto alto aconteceu com a atuação de 7 Bandas Filarmónicas do Movimento Associativo, Cultural e Recreativo do concelho de Cascais, que juntamente com o cantor Pedro Vaz fizeram ecoar perante centenas de pessoas que estavam nas celebrações, as músicas que marcaram uma época, como a “Grândola Vila Morena”, “Os Vampiros”, “Eu vim de longe”, “Índios da Meia-Praia”, “Venham mais cinco” e claro, a senha que deu início, na madrugada de dia 24, ao movimento das Forças Armadas – “E depois do Adeus”.

Finalizando a iniciativa, a Banda Filarmónica da Sociedade Musical Sportiva Alvidense, a Banda da Sociedade de Instrução e Recreio de Janes e Malveira,  a Banda Filarmónica da Sociedade Familiar e Recreativa da Malveira da Serra, a Banda Filarmónica da Sociedade Musical União Paredense (SMUP), a Banda Filarmónica da Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos, a Banda Filarmónica do Grupo de Solidariedade Musical e Desportiva de Talaíde e a Banda do Grupo Recreativo Dramático 1º de Maio de Tires, uniram-se em palco para tocar e cantar o Hino Nacional, a uma só voz com todos os presentes.

"Nós estamos, ao fim de 50 anos, com uma esperança renovada. Nem tudo ainda aconteceu como estava previsto e era sonhado por aqueles que fizeram o 25 de abril, mas o que é certo é que houve uma evolução muito grande desde o 25 de abril de 74 até ao 24 de abril de 2024, que comemoramos hoje", refere Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais.

O Papel de Cascais na Revolução

Foi em Cascais que tiveram lugar duas importantes reuniões preparatórias que conduziriam para a Revolução dos Cravos. Na reunião realizada em Cascais a 5 de março de 1974, os Capitães assumem como irreversível a opção pelo golpe de Estado, determinam um reforço da sua organização e acionam os mecanismos para a conclusão de um projeto político que sintetiza os seus objetivos fundamentais.


 

O encontro clandestino é preparado com relevantes preocupações de segurança. Os cerca de 200 homens (em representação de mais de 600) que estariam presentes são convocados para 18 cafés ou pastelarias em Lisboa, onde devem esperar por um elemento que os encaminhe para o local da sessão. O plano inicial é realizar a reunião no edifício Franjinhas, no cruzamento das ruas Castilho e Braamcamp, mas é alterado nesse mesmo dia: o destino acaba por ser o 1.º andar do número 45 da rua Visconde Luz, em Cascais, no ateliê do arquiteto Braula Reis.

Nesse pequeno espaço, cumpre-se uma etapa determinante na história do Movimento dos Capitães e para o sucesso da «Operação Viragem Histórica», que, dali por 51 dias, derrubaria uma ditadura que durava há quase meio século.

Durante o encontro, é aprovado pela maioria dos presentes (111) o documento de síntese «O Movimento, as Forças Armadas e a Nação». Este é o primeiro projeto político dos Capitães, fundamental para balizar os seus objetivos. Fica patente a intenção do Movimento de democratizar o país e de acabar com a guerra e dá-se aqui a passagem do Movimento dos Capitães a Movimento das Força Armadas (MFA). Os Capitães decidem delegar em Melo Antunes a responsabilidade de presidir e coordenar a comissão de elaboração do Programa.

No mesmo encontro realiza-se uma nova votação sobre os futuros chefes do Movimento, num escrutínio mais uma vez ganho por Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.

Os presentes dão ainda um voto de confiança à Comissão Coordenadora do Movimento e à direção para desenvolver todas as atividades necessárias à preparação do golpe de Estado.

“Há 50 anos unimo-nos e vencemos um regime não democrático. A celebração do 25 de Abril em Cascais é uma afirmação de princípios. É a afirmação de uma democracia forte. Honrar Abril é lembrar e admirar aqueles homens e mulheres que nos libertaram da servidão para nos dar a liberdade plena. É agradecer aos vários homens que estiveram na linha da frente, os Capitães de Abril, que, com coragem, fizeram a única Revolução do mundo sem sangue, substituindo as armas por flores: os nossos cravos. Lutemos, hoje mais do que nunca, por uma Democracia sem amos. Aqui, nesta nossa Vila de Cascais, também é o povo quem mais ordena”, salienta Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais.

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