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CE 2019 | A tecnologia está a mudar a política para melhor ou para pior?

A tecnologia está a mudar a política para melhor ou para pior? A tecnologia ajuda as pessoas a envolver-se na política através das petições? Isto era certo até certo ponto, mas com as eleições brasileiras e americanas a atitude otimista que começou com a Primavera Árabe, mudou. A tecnologia é hoje uma ameaça à democracia? Até que ponto devemos prescindir do direito à liberdade de expressão que são o fundamento das redes sociais, em nome da defesa de outros direitos humanos?

Hoje em dia a tecnologia infiltra-se nos media, nos sindicatos e partidos e em todas as dimensões da sociedade. A tecnologia tem o poder de mudar a forma como se influencia a opinião pública, faz ganhar ou perder eleições. Como podemos nós controlar e regular a tecnologia? Como regular a internet? E como se protegem os dados pessoais? Daqui a 10 anos onde estaremos, no que se refere à inteligência artificial e às novas questões éticas que se colocam?

Esta é a discussão que esteve em cima da mesa numa das tardes mais quentes desta sexta edição das Conferências do Estoril. Para dar contributos ao debate, estiveram Sofia Colares Alves, Chefe de Representação da Comissão Europeia em Portugal e Jamie Bartlett, escritor e jornalista britânico com vários livros publicados sobre estas questões.

Sobre a experiência nas últimas eleições europeias, no que se refere à possível interferência das redes sociais nos resultados, não se verificou o mesmo que aconteceu nas eleições americanas e brasileiras, garantiu Sofia Alves.

“Muitas coisas foram feitas diferentes do ponto de vista da União Europeia. Trabalhámos muito para manter a integridade das eleições mas ainda estamos a analisar os dados para perceber o que aconteceu em relação as redes sociais”, afirmou a representante em Portugal da Comissão Europeia.

Como medidas preventivas, Sofia Alves apontou o lançamento do pacote contra a desinformação com o objetivo de serem monotorizadas as publicações nas redes sociais e a deteção de padrões em discursos anti-minorias ou anti-imigração que são impulsionados pelas redes sociais e muito populares.    

Sofia Alves indicou ainda como medida preventiva, a celebração de acordos de conduta com quatro plataformas de redes sociais, com vista à autorregulação em diversas vertentes, como saber quem está por detrás dos anúncios, ou com vista ao fecho de todas as contas falsas que representam cerca de 50% do total das contas que existem nas redes sociais. 

Para Jamie Bartlett, a questão é bem mais complexa, uma vez que são conhecidas as dificuldades para regular a tecnologia e a internet.  

“ Daqui a 10 anos toda esta audiência vai receber anúncios personalizados e micro focados nos seus eletrodomésticos inteligentes, gerados por uma máquina e os reguladores não vão ter ideia do que fazer”, garantiu o jornalista.

 “ O problema é que qualquer pessoa e qualquer governo podem interferir numa eleição e isso mina a confiança das pessoas nos resultados. O lado perdedor vai sempre dizer que os vencedores fizeram batota e não há como provar o contrário”, acrescentou Bartlett.

Por outro lado, a tecnologia criou uma nova geração de direitos humanos que exigem que se encontrem novas formas de proteção mais complexas.

Jamie Bartlett deu o exemplo: “As pessoas têm que ser soberanas em relação aos seus dados pessoais”.

E Sofia Alves concordou: “ Estão em causa novos direitos como o direito a sermos esquecidos, o direito a nos desligarmos, o direito à proteção dos nossos dados pessoais.”

Certo é que “cada vez mais as decisões que afetam a nossa vida são tomadas por máquinas”, sublinhou o jornalista britânico, acrescentando que “ vai ser preciso que nos expliquem por palavras que todos entendam como é que essas máquinas funcionam”.

Outro dos temas presentes foi o desenvolvimento da inteligência artificial e a necessidade da criação de uma base ética e diretrizes antropológicas que coloquem as pessoas sempre em primeiro lugar na equação.

Jamie Bartlett é perentório: “A Ética e a compreensão de como podemos construir máquinas moralmente válidas estão a ser cada vez mais relevantes”. Mas, também alerta que esta é uma questão muito complexas porque “num sistema de inteligência artificial não é possível existir uma ética global. A Ética é diferente consoante os países e as questões culturais mudam a perceção das coisas”.

A questão coloca-se: “ Quem é que vamos punir quando os limites éticos, considerados para uma determinada sociedade, forem ultrapassados? Culpamos a máquina? Quem a programou? O fabricante?

Em conclusão, a tecnologia trás questões muito complexas de difícil solução e necessidades que variam à velocidade estonteante dos avanços tecnológicos. Não é possível prevenir aquilo que não conhecemos.

O futuro é mais incerto hoje do que há 10 anos atrás e, certamente, daqui a dez anos será muito diferente do que hoje imaginamos. Certo é que a sociedade de hoje necessita de se adaptar constantemente a essas mudanças e mais não podemos fazer que ir tentando regular a tecnologia que vai estar sempre muitos passos á frente dos reguladores que a tentam controlar.    (PL)

 

  

 

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