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CE 2019 | “Estamos a pagar o preço pela abstenção na Europa”

Anne Applebaum, colunista do The Washington Post e Prémio Pulitzer de Não Ficção 2014, defendeu uma visão otimista sobre o futuro da democracia, num painel em que o desafio foi lançado por Teresa Violante, diretora das Conferências do Estoril,

“A democracia passou a ser a regra e todos os outros regimes são agora a exceção, isto é a ideia mais global de sempre. Isto é uma conquista fantástica que devemos celebrar,” começou por referir a diretora das Conferências do Estoril, Teresa Violante, na abertura do painel dedicado à crise da democracia desta sexta edição das Conferências do Estoril. Para a diretora, “a democracia tornou-se tão bem-sucedida que votar já não é visto como um privilégio ou um direito, mas sim uma chatice” acrescentando ainda que, mesmo assim, “as maiores ameaças à democracia costumam vir de dentro do sistema”.

Teresa Violante considera que alguns países europeus, como a Polónia e a Hungria, se têm vindo a tornar uma ameaça forte aos valores do sonho europeu dado que “não respeitam os direitos humanos e das minorias” recordando que “os valores pelos quais a União Europeia se rege já há muito que estão sobre ataque”. Para a diretora das CE, “uma democracia constitutiva mantém mecanismos que mostram os direitos do poder público” dado que “a arma mais forte contra a erosão da democracia é ter cidadãos informados, precisamos de manter a vontade da população,” terminou por dizer convidando a colunista do The Washington Post a prosseguir com o painel.

“As dúvidas sobre a democracia não são novidade”, defendeu Anne Applebaum no palco das Conferências do Estoril. Lembrando que “antigamente já os filósofos duvidavam do sucesso da Democracia”, Applebaum sublinhou que neste momento há uma mudança especial, porque os desafios da Democracia estão a vir dos países mais ricos do centro da Europa e do transatlântico, como os Estados Unidos. “Pela primeira vez, desde a segunda Guerra Mundial, os EUA têm na Casa Branca um presidente isolacionista que intitula nacionalista”. Recordando o público das várias políticas e atitudes de Donald Trump a colunista do The Washington Post salientou que também na Europa Central há países que têm vindo a perder as suas instituições democráticas.

“Durante décadas acreditámos que a democracia liberal tinha apenas um caminho e que as democracias saudáveis nunca iam rejeitar os sistemas, porque entendiam que estes seriam os melhores sistemas,” no entanto, algumas pessoas dos países ocidentais começam a ter uma visão mais ambivalente e o número de pessoas que acredita ser a democracia essencial tem vindo a decrescer”, destacou Applebaum reforçando que esta opinião é mais comum entre os mais jovens.

Para a colunista do The Washington Post o mais extraordinário “é a forma como estas dúvidas sobre a democracia têm crescido em países muitos diferentes, que têm uma história muito diferente, economias e políticas diferentes”, referindo ainda a diferente forma como cada país encara o racismo. A oradora aproveitou ainda para identificar o que é que muitas democracias ocidentais têm em comum, começando por referir que “estamos finalmente a pagar o preço por uma série de falhas americanas e da abstenção da Europa”.

Contrariando a compreensível visão negativa, a colunista e escritora acredita, todavia, numa revolução política positiva, recordando que nos últimos dias foi possível ver isso com o crescimento dos partidos verdes nas eleições europeias, o que demonstra que “os problemas ecológicos só podem ter soluções internacionais”. Anne acredita também que já está na altura de regular a internet e fez questão de esclarecer que é importante criar regras e não censura. Em relação às redes, a oradora defendeu mesmo que vai ser importante educar as crianças a distinguir o que é verdade do que não é.

Em jeito de conclusão, Anne Aplebaum esclareceu quais as grandes tarefas que ficam para o futuro: “Refazer as nossas instituições para que não estejam fora de tempo neste mundo conectado, encontrar formas para que as pessoas se sintam seguras neste momento de mudanças rápidas e violentas, dar às pessoas em Portugal, Europa e à volta do mundo razões para terem fé na liderança ocidental outra vez. Acima de tudo, se a democracia vai derrotar o autoritarismo nas próximas décadas vão ter de descobrir como inspirar as pessoas, como fazê-las superar os medos, como fazê-las sentir seguras em casa num mundo de rápidas e profundas mudanças. Já o fizemos isto uma vez e acredito que o conseguimos fazer novamente.”

 

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

 

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