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Um Chakall de turbante e pouco sal

O Chef Chakall esteve na Escola EB1 de S. João do Estoril a confecionar a refeição dos alunos, no âmbito do programa da autarquia "Os Chefs vão à escola".

Era uma vez um salmão que veio da Noruega, muito provavelmente à boleia num bacalhoeiro. Desembarcou em Cascais e seguiu para a Escola EB1 de S. João do Estoril, onde já se encontrava o azeite, mediterrânico, claro! Pouco tempo depois chegou a erva aromática caucasiana chamada de Aneto ou Endro ou Erva-de-Deus, como é conhecido na Arménia, e a conversa animou. E, estavam todos em amena cavaqueira quando se apresentou o asiático alho, imediatamente identificado pelo odor.

Ora, na verdade, ninguém sabia ao que vinha, embora todos se conhecessem das bancas dos mercados, já que, alguns deles, poucas vezes se haviam cruzado na cozinha. E a conversa centrou-se numa coisa aparentemente estranha. Todos tinham notado que o recreio da escola estava pejado de miúdos com lenços coloridos enrolados na cabeça.

É verdade, são turbantes? - concordava o salmão, ainda meio salgado da viagem.

Eu diria que são Ojás - discordava o aneto - E bem coloridos…! Acrescentava.

Ora, ora turbantes, ora, ora ojás! São é lenços enrolados à cabeça, precisava o azeite já a ferver.

Entre dentes, o alho lançava a suspeita: Será alguma convenção?

CONVENÇÃO? Bradaram os demais.

Sim, sim, é bem possível! Confirmava a ervilha acabada de entrar na cozinha.

Como sabes? Interrogava o aneto.

Oh erva-de-Deus! Digo-to eu - respondia a leguminosa já fora da casca - Vi agora mesmo os mais velhos, os três de ojás ou turbantes ou lá o que é, e um deles traz na mão o manjericão.

O manjericão? Olha, olha… há quanto tempo não vejo esse manjericão! Disse a cebola. E porque lhe veio à memória algum cozinhado especial, deixou saltar uma lagrimazinha pelo canto do olho. Coitada, é uma emocional…

A discussão do turbante, ojá ou simples lenço tinha ficado para trás. O manjericão tinha verdadeiramente impregnado a conversa e até provocado aquela emoção na cebola, o que não é de todo inusitado.

Na verdade, quer o Manjericão quer o Aneto todos têm essa grande capacidade de impregnar, é aliás essa a sua grande competência: IMPREGNAR… são plantas aromáticas!

É nesta altura, com a conversa impregnada de manjericão que entram porta dentro os Chefs Chakall, Bernardo e António. Todos eles de turbante, ojás ou o que quiserem e com o dito manjericão que, do alto da sua rama, com ar doutoral - sim porque ele gosta muito de propalar as suas propriedades medicinais – lança um cumprimento para todos os presentes: - Então, onde está esse salmão cujo sabor eu vou aprimorar? Que fique a saber que darei o meu melhor!

- Oh manjericão, - responde-lhe o salmão – já sabia que vinhas aí e evita esse teu ar emproado porque em matéria de odor o alho, quando quer, bate-nos aos pontos. Mas desse teu ar doutoral diz-nos se sabes qual a razão desta nossa presença?

-Sim! - concorda a cebola -  a ti já não te via desde os tempos de uma tal caldeirada em que o Chef, já nem me lembro do nome, decidiu que tu entravas – lembrou, com a voz embargada - A mim pareceu-me um exagero, mas os comensais não se queixaram.

- Pois bem, meus caros amigos - interrompeu o Chef Chakall - estão todos aqui por causa do sal. – Do sal? Responderam em uníssono.

-Sim do sal!

- Com todo o respeito Chef Chakall, o que é que esses grãozinhos cristalizados de sódio fizeram desta vez? Pergunta a cebola - Da última que os encontrei resolveram entrar todos em pilha para uma feijoada.

Lembro-me bem – diz a cebola, foi numa feijoada. Eram mais que os feijões.

Pois bem – continua o Chef Chakall - é para os substituir que vos trouxe aqui a este prato.

Oh Chef – interroga o manjericão - e somos precisos assim tantos para substituir esses minúsculos cristais?

-Nem vos passa pela cabeça o mal que faz o uso indiscriminado do sal. Embora sejam fundamentais, usados em excesso, podem provocar a falência de órgãos vitais como os rins e o coração. Fiquem a saber que uma parte dos AVC são provocados pelo consumo excessivo do sal – explicou o Chef Chakall.

- Bom, vamos lá então para a panela, concluiu o aneto.

E eu chef? - questiona a ervilha.

- Tu vais transformar-te num delicioso puré - responde o chef.

- Não há de ser difícil! - retorquiu a ervilha para gargalhada geral.

- Oh chef, a mim – pediu o alho – pique-me por favor em pedaços pequenos para melhor espalhar o meu perfume.

- Perfume... comentou o manjericão.

- Oh chef antes de me mandar para a panela, e se possível picada em pedaços um pouco maiores, para não me confundir com o alho, esclareça-nos: O que têm na cabeça é um turbante ou um ojá, e para que serve afinal?

- É um lenço na cabeça que uso por uma questão de higiene – responde o Chef Chakall

- Olha... é que não me tinha ocorrido… - concluiu o aneto. H:C.

 

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