A Câmara Municipal de Cascais e a Fundação D. Luís I revelam a criação artística de duas das maiores artistas portuguesas dos últimos três séculos. De 19 de dezembro de 2020 a 23 de maio de 2021, a Casa das Histórias Paula Rego abre portas a Paula Rego/Josefa de Óbidos - Arte Religiosa no Feminino.
A exposição eleva a obra de autoras visionárias e inovadoras para a época que a cada uma corresponde, que ultrapassaram conceitos preestabelecidos e se caracterizaram pela irreverência artística através da prática de temáticas intemporais. A curadoria é de Catarina Alfaro.
Paula Rego/Josefa de Óbidos - Arte Religiosa no Feminino mostra 115 obras de Paula Rego, entre pintura, desenho, gravura e escultura, e 21 pinturas de Josefa de Óbidos.
"Com a exposição Paula Rego/Josefa de Óbidos: Pintura Religiosa no Feminino, que reúne dois nomes maiores da arte portuguesa, duas mulheres que se afirmaram pela ousadia do seu processo criativo, pomos em paralelo e valorizamos passado e presente, conscientes da importância desses tempos para a compreensão da história da arte sob uma perspetiva que recusa tabus e preconceitos, opção concetual que em Cascais adotamos como modo de vida", afirma Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais.
A seleção de obras de Josefa de Óbidos partiu da série de Santa Teresa do Convento de Nossa Senhora da Piedade, de Cascais. Trata-se de um conjunto de obras datadas de 1672, que se destaca entre as encomendas aceites por Josefa para pinturas de retábulos de diversas igrejas portuguesas.
Afastando qualquer intenção comparatista entre as suas vidas e obras, é inevitável estabelecer pontos comuns. O carácter independente e o empenho na afirmação da sua individualidade, quer na vida, quer na arte, foram certamente determinantes para a realização de um percurso artístico único.
A seleção de obras de Paula Rego para esta exposição foi feita a partir de uma temática comum que a artista explorou, de modo mais ou menos declarado, desde sempre: a religiosidade católica e o que ela encerra de misterioso. E a sua reflexão constante sobre o protagonismo das mulheres estende-se assim a personagens concretas, santas e mártires, detentoras de uma existência narrativa e histórica.
"Josefa de Ayala estende a sua representação de modelos femininos da Igreja Católica a Santa Teresa de Ávila, uma personalidade marcante, sobretudo na Península Ibérica, pelo seu papel reformador na definição da espiritualidade do século XVI em diante", refere Catarina Alfaro, curadora da exposição.