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No refeitório da EB1 Raúl Lino primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Os Chefs voltam à escola, uma iniciativa da Câmara Municipal de Cascais desafiando Chefs consagrados a participarem um dia na refeição das escolas do concelho.

O Ruben afasta o peixe para o canto do prato e, calmamente, saboreia a alface. O Vasco também não simpatiza com o peixe, só que desta vez… engole o último pedaço e confessa: “Desta vez gostei mais do peixe”. E a Leonor? Bom, a Leonor até está de acordo, só que… a alface hoje parece irresistível. Para estes três miúdos, como aliás para os cerca de 240 que diariamente frequentam o refeitório da EB1 Raúl Lino no Estoril, o tempo de refeição é afinal também um tempo de aprendizagem.

É mesmo, garante o Chef Diogo Noronha, que decidiu passar a manhã de terça-feira na cozinha da EB 1 Raúl Lino na companhia dos restantes cozinheiros que ali trabalham diariamente. E o peixe não podia deixar de fazer parte do desafio. Afinal Diogo Noronha, que depois de uma incursão pela chamada cozinha holística, de cursar no Natural Gourmnet Institute for Healthand Culinary Arts, em Nova Iorque e de passar pelo Moo, um dos melhores restaurantes do Mundo, em Barcelona, abriu o seu próprio restaurante em Lisboa, “O Pesca”, onde o peixe é o protagonista da ementa.

Mas aqui a proposta era desafiante, quanto mais não fosse pela juventude dos “clientes”, com uma cultura gastronómica ainda incipiente.   

Por isso, como refere, “à hora de comer, quando o prato chega à mesa, tem que estar bom, não pode saber mal”. E era esse mesmo o desafio lançado: “ir introduzindo novos sabores”, afastando a rejeição dos miúdos como resposta possível. Compreende-se a dificuldade, não é fácil fazer passear as papilas gustativas da pequenada pela palete de sabores sem que eles estranhem e definitivamente rejeitem.

É claro que, como referiria a diretora da escola, Umbelina Duarte, “nunca sairiam dali mal alimentados”. É verdade, mas perder-se-ia uma lição importante. Ora era essa a tarefa de mestre. E o mestre neste dia foi o Chef Noronha que, a convite da Câmara Municipal de Cascais aceitou o desafio.

“A qualidade dos alimentos e a qualidade da sua confeção felizmente está garantida”, asseverava o vereador Frederico Pinho de Almeida. “Agora, é preciso que a alimentação seja também atrativa para os miúdos, e há pequenos truques que os Chefs podem ensinar”. Um truque que pode ser decisivo para introduzir na ementa da pequenada nutrientes que lhes fazem muita falta.

E é aqui que entra o toque, ou o truque do Chef Diogo Noronha que trouxe para um simples prato de peixe com salada e arroz, toda a sua experiência. Porque, mesmo na confeção de uma simples ementa a riqueza da cultura gastronómica de quem a prepara faz toda a diferença. Ou, como dizia o slogan da Coca-Cola, criado por Fernando Pessoa, “primeiro estranha-se… depois entranha-se” e aqui o desafio é deixar quer os novos sabores definitivamente se entranhem. H.C.

 

Cascais Digital

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