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Crescer Por Inteiro em Cascais

Aula sobre o Brincar dada por Carlos Neto marca lançamento do livro de Ana Teresa Brito.

“O melhor que nos pode acontecer é quando nos tornamos inúteis, na medida em que, tudo acontece de acordo com a estratégia definida e não temos de ser nós a puxar a carroça”, disse Frederico Pinho de Almeida, vereador com o pelouro da Educação na Câmara Municipal de Cascais, durante a apresentação do livro “Crescer Por Inteiro em Cascais”, da autoria de Ana Teresa Brito, professora, investigadora. Esta afirmação surge na sequência da apresentação de um livro que sintetiza todo um percurso de transformação da escola. E, Ana Teresa Brito é, juntamente com o professor jubilado da Faculdade de Motricidade Humana Carlos Neto, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, Isabel Miguens Bouças e o presidente da Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação de Cascais, José Batalha, parceiros da autarquia, nesta viagem “de uma Escola a tempo inteiro, em que a escolarização impera, para a transformação numa escola em que há tempo para brincar” como explicaria no final o vereador Frederico Pinho de Almeida.

Mas, esta apresentação, que decorreu na estufa do Parque Marechal Carmona e que contou com um momento musical proporcionado pelos irmãos Tozé Brito e Ana Teresa Brito, teve ainda a presença do professor João Gomes Pedro, jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, pediatra, ex-diretor do Departamento da Criança e da Família do Hospital de Santa Maria e, como referiria Carlos Neto, “o grande mestre e inspirador” para todos os pedagogos ali presentes, enaltecendo a sua “capacidade de pensar cientificamente, pedagogicamente, do que deve ser a infância, a vivência, o crescimento, a aprendizagem, o saber o enquadramento ecológico, do que deve ser a compreensão de uma criança”.

Ana Teresa Brito, autora do livro que inclui fotos da autoria de Ana Guerreira, como a autora fez questão de assinalar, traduziu este projeto como o “quebrar de uma lógica curricular”, para uma lógica em que “as crianças fazem da escola um espaço seu, um espaço de vida”. Secundando uma proposta da provedora Isabel Miguens Bouças, Ana Teresa Brito defenderia também o registo da patente do Brincador, porque são eles profissionais “bem apetrechados” que “mobilizam junto das crianças saberes através da brincadeira, através da contemplação da natureza, através do encantamento, através do respeito pelo outro” o que implica, sustentaria Ana Teresa Brito, terem todos esses valores e saberes “muito bem arrumados”, como “um bom quarteto de jazz” que improvisa só depois de saber muito bem a música.

Mas a apresentação teria um momento marcado pela intervenção de Carlos Neto salientaria o “maravilhoso trabalho que têm sido feito em Cascais” qualificando como o projeto educativo como “inovador, uma ideia sólida, que pode servir de modelo para todo o país e que se continuar a trabalhar desta forma com resiliência, porque em educação as revoluções são tranquilas, demoram tempo”, pode continuar a ser “o baluarte, para dar as referências fundamentais de como a escola se deve reinventar”, disse.

A propósito do livro, Carlos Neto começaria por dizer que “ao contrário do que se imagina, tudo começa mais cedo no processo de aprendizagem”.
“As coisas fundamentais aprendem-se até aos 6, 7 anos de idade e depois treina-se o que já se conhece. Este livro é, de facto, um ponto crucial no projeto que esta Câmara tem traçado do ponto de vista de entender o que é uma criança na escola, na família na comunidade”.

Elogiando ,o percurso do projeto das Escolas de Cascais, Carlos Neto deixou uma crítica ao sistema adotado em muitas outras: “Há uma situação ímpar, estranha, do que é uma escola a tempo inteiro, definida exatamente devido a três ou quatro condições: primeiro a falta de condições para que os pais tenham tempo para os filhos. Precariedade, que é o que acontece no meu país; Segundo, não há nenhuma ligação entre o tempo de trabalho, o tempo de família e o tempo na escola; e terceiro há uma invenção de uma escola a tempo inteiro com currículos intensos e extensos em que as crianças são vítimas”.

O professor jubilado e defensora da importância do Brincar em todo o processo educativo, defendeu, ainda, a urgência de, “a partir 15h30 16h00, ser tempo da criança, até ao momento em que os pais têm condição para vir buscar os filhos à escola. Não pode acontecer que as crianças tenham 50 a 60 horas de tempo semanal na escola e não tenham tempo para elas mesmas”, disse.

Carlos Neto considerou este livro, juntamente com os já editados “Brincar em Cascais” e “Inovar em Cascais” como uma “mensagem absolutamente fundamental para que se possa perceber que, no sistema educativo, as crianças têm o direito de poderem utilizar o espaço da escola, para atividades que estejam de acordo com os seus tempos”, para exercerem o “Direito a Brincar, o Direito à participação, o Direito ao contacto com a natureza, o direito ao contacto com o risco, o direito à relação social, à inovação”.

Cascais Digital

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