CONTACTOS
Fale connosco
800 203 186
Em rede

Está aqui

Dia Internacional da Mulher

Poder mudar o mundo

Nasce ao virar do seculo XIX a luta pela igualdade das mulheres e muito se conquistou, mas muito há por fazer. Coisas simples - como votar, ter opinião, “governar” uma casa, ter uma voz ativa na sociedade foram conquistas durante este mais de seculo e meio. Neste dia, damos voz a mulheres que não tem medo de arriscar, são determinadas e não veem o seu papel como apenas donas de casa. São mulheres com a garra. São as nossas mulheres!

Nós podemos mudar o mundo. Temos esse poder – destemidas, imbatíveis, criativas ou fortes, podemos ser tudo o que quisermos. Este é um hit da música pop nas tabelas ultimamente. E não podia estar mais certo. Somos mesmo tudo o que quisermos ser.

E em Cascais, os exemplos estão entre nós. Hoje apresentamos três histórias, de três gerações de mulheres cascalenses que “fintam” preconceitos, “conduzem” o seu destino e “cozinham” o seu futuro. Com garra e força.

Uma futebolista, uma condutora de autocarros e uma empreendedora na área da restauração. Todas trilharam o seu caminho.

As histórias dos seus percursos, e apesar de todos os obstáculos, mostram mulheres de fibra. A fibra, a força e a determinação que todas as mulheres têm.

Mariana -  futebolista

Começamos pela Mariana Coelho, 26 anos, sorriso fácil e humor certeiro. Tão certeiro como os passes que faz às suas colegas de equipa, no Estoril-Praia.

“Determinada e lutadora, claramente”. É assim que Mariana se vê. E relembra o seu percurso como a menina que gostava de jogar futebol. Começa pelo hóquei, na equipa masculina e, aquando da transição, escolhe o futebol 11, muito por influência do pai. E lá se mantém. Ela e outras tantas que, num treino, numa noite fria em Trajouce, seguem as dicas dos treinadores.

“O futebol ensina-nos muito, é desafiante porque tira-nos da nossa zona de conforto. Estamos sempre a aprender e isso é a sua beleza”. Desafios, teve alguns. Ao começar com 13 anos, relembra que jogou logo com mulheres “que tinham entre 40 e os 45 anos”, pois não existiam as equipas femininas e o investimento que hoje existe nos clubes. “Quando comecei, eramos atiradas aos lobos e tínhamos de crescer do dia para a noite… eramos as caçulas”.

E nessa diferença sente (ou tem a certeza) que teve o seu papel. “É um sinal de crescimento e eu, e as da minha geração, fomos pioneiras nesta mudança”.

E sem pudores, afirma “o futebol feminino ainda tem muito para andar, apesar da diferença ser enorme. Mas está a mudar”

Helena – motorista

Helena Meleiro, 56 (orgulhosos) anos. Desde sempre escolhe profissões “consideradas mais masculinas”, refere. Começa com 15 anos nos Bombeiros Voluntários de Cascais, numa altura em que em cenário de incêndio as mulheres não estavam presentes. Nesse tempo, mulheres nos bombeiros eram remetidas à condição de auxiliares, em que a função era de apoio, na retaguarda com auxílio alimentar. Assertiva, Helena recorda a sua entrada nos soldados da paz  “fui por que quis. Sempre fui assim – fazer o que gostava sem olhar a obstáculos. Orgulho-me de ter pertencido ao primeiro grupo de 8 mulheres bombeiras de Cascais e ter aberto caminho para outras.”

Em 1988, aventura-se como instrutora de condução, numa altura em que as mulheres não eram bem vistas nesta profissão. “Havia homens que se recusavam a ter aulas com mulheres. Se não sabiam para elas, como é que iam ensinar”, recorda, divertida, “quanto mais andar num carro com outro homem… impensável”.

Dá o salto para examinadora e aqui também tem algumas histórias. “Aconteceu-me chamar um homem para exame prático de pesados com reboque e eles referir que estaria à espero do examinador. Quando lhes dizia que era eu, não acreditavam”.

Hoje, há 5 anos para cá, podemos encontrá-la como motoristas de autocarros Mobi. “Gosto do que faço. Há muita gente que acha que não é uma função para mim. Mas não ligo”, no entanto atira “há situações perigosas, com certeza que sim. A figura masculina é dissuasora de algumas situações e connosco, mulheres, tem tendência a abusar um bocadinho. Mas vai-se levando”.

Para Helena, ser mulher é desbravar caminho, ser firme e valer por si só. E claro, há que ter um bom parceiro, apesar “do espírito de líder, como eu tenho”.

Com duas filhas, não deixa o seu crédito por mãos alheias e espera passar o exemplo. “sempre insisti com elas para terem a sua independência – ter a sua profissão ou trabalho, a sua casa e o seu carro. No fundo, para não dependerem de ninguém. Sempre as eduquei para terem a sua independência. Não sei se é ser muito feminista…”, atira. Não, não é Helena, dizemos nós!

Para ser mulher é preciso coragem, ter vontade de seguir o que queremos e ser forte! Lutar! É aqui que relembra a mãe – “veio do Norte sem nada. Ela e o meu pai. Sempre teve garra. Ainda hoje é firme e decidida. E nesse aspeto sou muito parecida com ela”, refere.

Maria Batarda – Empreendedora (Restaurante Batarda’s)

“Ser mulher é ser um grande privilégio – e a conjugação da força, da sensibilidade, da coragem e da energia feminina que só a mulher tem e que é tão especial e que faz toda a diferença”

Psicóloga (para sempre), como orgulhosamente refere, agarrou o desafio de ser padeira, pasteleira e detentora da marca Batardas, cozinha sem glúten. E podemos dizer (por experiência própria) que ainda bem.

E é na cozinha o ponto de partida para este projeto. Sente-se no espaço o seu dedo, pragmático, mas de amor pelo degustar de boa comida, saudável e sem glúten, de uma bela conversa e na simplicidade do seu modo de se expressar. Não é à toa que o Batarda’s tem o selo de qualidade da Associação Portuguesa de Celíacos, sendo a Maria celíaca. O que poderia ser um obstáculo, transformou-se numa oportunidade e dá aos celíacos (e ao comum dos mortais) receitas de encher o olho e a barriga.

Tem a Marie Curie como uma das suas inspirações, pelo seu ato de coragem e pelo romper das convenções da época, num mundo que era de homens. “Ainda hoje, beneficiamos destes atos de coragem”. Mas a sua inspiração, do dia-a-dia, vem de todas as mulheres “todas são referências e todas elas trazem um traço diferente e uma identidade e um ADN que fazem a diferença. Deixo a minha homenagem a todas as mulheres”, conclui.

Obrigada, Mariana, Helena e Maria. Obrigada às outras mulheres com quem nos cruzamos no dia-a-dia.

Parabéns a todas

Marta Silvestre / Carolina Barbosa / Ana Guerreiro


 

Cascais Digital

my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0