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CE 2019 | Este é o momento mais decisivo para a Europa

Guy Verhofstad: Estará o novo Parlamento Europeu, recentemente eleito, preparado para consensos a esse nível? Como é que as novas forças com assento no Parlamento Europeu se irão relacionar para encontrar novas soluções para os problemas que afetam os cidadãos europeus? Em resumo: tem a Europa futuro?

Primeiro-Ministro da Bélgica entre 1999-2008 Guy Verhofstadt é hoje Presidente da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa no Parlamento Europeu. É também o representante deste órgão da União Europeia para a negociação do Brexit. Veio às Conferências do Estoril para alertar que a Europa está no seu momento mais decisivo e que são necessárias reformas urgentes para colocar a Europa no mapa das economias globais. Para Verhofstadt o caminho é o sistema federal, com politicas comuns a todos os níveis e uma fronteira única. 

Guy Verhofstadt tem uma posição pós-Europa e defende que é necessário uma maior integração dos países membros, rumo a um sistema de estados federados. A única forma de combater as desigualdades entre os países membros e de tornar a Europa uma potência económica a par dos EUA e das economias emergentes da Ásia.  

Apesar das dificuldades que a Europa atravessa desde a crise financeira de 2009, Verhofstadt recusa a ideia de que o projeto europeu está ameaçado.

“ Os resultados das recentes eleições europeias colocam-nos novos desafios e deu-nos esperança”, afirmou o liberal democrata belga, acrescentando que “felizmente não se deu o bloqueio do Parlamento Europeu pelas forças eurocéticas dos nacionalistas e populistas”.

O ex-Primeiro Ministro belga vê mesmo estas eleições como uma oportunidade para se dar passos efetivos para uma Europa mais federada e mais preparada para o futuro.

“OS eurocéticos tiveram pouco mais de 20 lugares no Parlamento Europeu. Houve, sim, pela primeira vez na história do Parlamento, uma perda de maioria dos dois blocos centrais tradicionais, a ascensão dos Verdes e dos que são pós-europa”, analisou Verhofstadt que se congratulou pela subida dos votantes na maioria dos países europeus.

  “ Há um novo equilíbrio de poderes no Parlamento Europeu e este é o momento certo para reformar e inovar a União Europeia”, afirmou o europeísta que alertou: “ Se não fizermos nada com estes resultados, se não moldarmos a União Europeia da forma que as pessoas mostraram que querem, então nos próximos cinco anos, haverá um crescimento muito maior dos nacionalismos e populismos e perdemos a oportunidade de preparar a Europa para o mundo globalizado”.   

Para Guy Verhofstadt existe um verdadeiro problema institucional e político na União Europeia pós-crise financeira.

“ OS americanos tomaram medidas e em 9 meses estavam a recuperar da crise. Aqui na Europa estamos há 9 anos a discutir quem tem razão”, criticou o político belga.

Para Guy Verhofstadt o sistema de estados-nação confederados numa união a funcionar com o sistema de votação por unanimidade nos assuntos mais prementes que se colocam aos europeus, não funciona e resulta num bloqueio da ação das instituições europeias.

Para Verhofstadt, temos um sistema de funcionamento institucional e político que não funciona porque não está adaptado ao mundo contemporâneo: “ Fazemos demasiado pouco e demasiado tarde”, sublinhou e acrescenta “ É urgente colocar o transnacionalismo na mesa do debate”.

Sobre as negociações para o Brexit, o deputado europeu reagiu com algum humor, apesar da situação ser dramática: “ Trato desta questão há 3 anos. O que estamos a implorar de joelhos é que a Câmara dos Comuns britânica decida qualquer coisa porque eles só votam contra tudo”.

Ainda sobre a Europa e os problemas que a União Europeia enfrenta com a globalização, Guy Verhofstadt é bastante crítico: “ do ponto de vista militar somos completamente irrelevantes, só somos relevantes nas matéria em que temos políticas comuns e defendemos interesses comuns como é o caso do mercado único tradicional”.

O deputado europeu não compreende que no conjunto dos Estados Membros se gaste mais 44% em questões militares dos que os Estados Unidos da América e que tenhamos no conjunto dos 28, um orçamento maior que o da China nessa matéria.

“ Só podemos fazer 10% das operações militares que os americanos podem fazer e com quase o dobro do orçamento. Isto porque duplicamos tudo por 28 vezes, é absurdo”, referiu Guy Verhofstadt.

Também na Economia Digital a Europa perdeu relevância: “ No que se refere aos mercados do futuro, a Europa é irrelevante ou nem existe. Há urgência que a Europa mude este estado de coisas e se reinvente ou perdemos o comboio das modernas economias globais".

Será a Europa capaz de estar à altura destes novos desafios? Será possível, face ao novo equilíbrio no Parlamento Europeu, encontrar convergências entre as novas forças presentes? Estaremos em condições de avançar para o passo seguinte, para um sistema federativo, em que os estados membros abdiquem da sua soberania em prol de uma Europa comum de uma só fronteira e a uma só voz? Finalmente quem vencerá nestes próximos cinco anos, decisivos para o futuro da Europa, os eurocéticos ou os europeístas? Uma coisa é certa, os cidadãos europeus exigem que as respostas sejam diferentes das dadas até agora pelos partidos tradicionais que perderam a maioria, pela primeira vez, no Parlamento Europeu. (PL)

 

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

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