Pela primeira vez em Portugal a obra de uma das mais misteriosas fotógrafas
Descrita pelo fotógrafo Joel Meyerowitz como dona de "uma sensibilidade especial para captar o momento, para detetar o rasgo de um gesto, para a micro expressão de um rosto", a enigmática fotógrafa norte-americana Vivian Maier (1926-2009) terá a sua excecional obra apresentada a partir de dia 6 de abril no Centro Cultural de Cascais, numa mostra inédita em Portugal. A organização é da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
Com curadoria de Anne Morin, a mostra reúne 135 trabalhos – entre fotografias e vídeos em Super 8 – de Maier, a ama que impressionou o mundo com a sua fotografia e que, através da sua profunda vontade de documentar, registar e interpretar o mundo ao seu redor, captou inúmeras peculiaridades da América urbana na segunda metade do século XX.
Vivian Maier é uma artista velada pelo mistério. Através dos seus retratos de desconhecidos nas ruas dos EUA nas décadas de 1950 e 1980, a maior parte em preto e branco, subsiste a expetativa de desvendar mais sobre a história e a personalidade da própria fotógrafa.
Durante mais de quarenta anos, Maier trabalhou como ama em Chicago. Nos tempos livres, percorreu as ruas daquela cidade e de Nova Iorque fotografando cenas da vida quotidiana com empatia, espontaneidade e sensibilidade, observando pessoas de todas as idades e classes sociais e captando os seus retratos em arrojados enquadramentos.
O resultado dessas excursões fotográficas é uma obra impressionante que compreende mais de 100 mil imagens, descobertas em 2007 quando o historiador John Maloof, mais tarde também ele fotógrafo e realizador de cinema, comprou em leilão o conteúdo abandonado de dois contentores de armazém e se viu na posse de milhares de negativos, diapositivos e fotografias impressas, além de uma série de vídeos caseiros e gravações de áudio.