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Mudar o mundo a começar em nós | CE2022

“Egoísmo, ganância e apatia são as razões e desculpas para não agirmos”.

Esperança, disrupção, mudar mentalidades, obrigar os governos a implementar as mudanças, garantir a inclusão. Estas foram as palavras e expressões mais ouvidas pelos oradores que asseguraram os painéis de arranque das Conferências do Estoril 2022.

“Até agora. Esta é a palavra-chave quando nos dizem que não é possível”, disse Bertrand Piccard, da Solar Impulse Foundation. Piccard regressou 5.000 anos atrás, ao Egito, para dizer que havendo os materiais já disponíveis, o primeiro avião, feito de madeira e tecido só seria construído muito mais tarde, no início do século XX. Estabelecendo o paralelismo com a crise energética: “O problema agora é que estamos desesperadamente a tentar encontrar outras fontes de energia, em vez de encontrar outras formas de usar a energia, temos de mudar mentalidades. Temos de atrair pessoas disruptivas”. Tendo desafiado tudo e todos para voar mais tempo de balão do que até então e cumprido a volta ao mundo num avião alimentado exclusivamente a luz solar, o ambientalista suíço partilhou que “foi como estar no futuro (sem barulho, sem combustível, sem poluição), mas se eu não estava, nem estou no futuro. Isso significa que o resto do mundo está no passado”. Perante o público maioritariamente jovem das Conferências do Estoril deixou o alerta: “três quartos da energia que utilizamos é desperdiçada porque as nossas infraestruturas estão desatualizadas” e que “se continuarmos como até aqui, a vida no planeta será impossível”.

Piccard acredita que “podemos poupar pelo menos metade da energia que produzimos e a outra metade podemos substituir por energias renováveis” [as quais podem ser obtidas a custos muito baixos], mas o tempo urge. Por isso, é preciso “forçar os governos a implementar as soluções” uma vez que “não há espaço para desejos, generosidade, compaixão. Temos de decidir se queremos ser atores do futuro ou vítimas do passado”.

Não será tarefa fácil cumprir esse desafio, mas, como referiu Luisa Gómez Bravo, administradora da Corporate & Investment Banking BBVA, no painel “Capitalismo financeiro e sustentabilidade”, “sem esperança não vamos ser bem-sucedidos. Precisamos de ação”. Mas como agir? Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal e antigo Ministro das Finanças, destacou que são precisos “empenho e cooperação. Empenho porque temos de mostrar que estamos a conseguir. É a única forma de alcançar a cooperação. Cooperação, porque há quem perca e quem ganhe”, pelo que “precisamos de ativar mecanismos de compensação”.

Fundamental é compreender a importância da ação, pois, “pela primeira, vez os líderes mundiais enfrentam uma mudança de paradigma nas suas vidas”, salientou Andri Magnason, escritor e cineasta de documentários da Islândia.

Mas haverá coragem para adotar “as soluções complexas, mas certas e que nos desviam do abismo”? A questão é premente, pois como trouxe a terreiro Tima Bansal, professora na Ivey Business School & Head of Innovation North, Canadá, “os negócios são criados para lucros, não para desenvolvimento sustentável”, quando deveriam “conduzir ao desenvolvimento sustentável – ir ao encontro das necessidades humanas de comida, água, alojamento, vestuário, sem comprometer os recursos para as gerações futuras”. Porém não é isso que acontece. “Ensinamos os nossos alunos de que é tudo sobre lucro e egoísmo, por isso, produzimos, mais, consumimos mais e criamos mais desigualdades. Criamos um mundo mais insustentável, mais à beira do abismo”.

A solução passa, no entender de Tima Bansal e de diversos outros oradores da CE2022 pela aplicação de sistemas de pensamento, até porque, como defendeu Peter Bakker, presidente e CEO do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), “o negócio como o conhecíamos até aqui está morto. Não é sobre clima, mas sobre desigualdade. Se perdermos a sociedade, perdemos qualquer hipótese de singrar. As pessoas não virão connosco”. Peter Baker acrescenta ainda. “A guerra na Ucrânia não veio ajudar… Precisamos de uma transformação de sistema. Tudo terá de mudar. Precisamos de encontrar formas de financiamento.

E precisamos, sobretudo de mudar internamente, como sustentou António Simões, CEO do Santander Spain & Regional Head of Europe: “Egoísmo, ganância e apatia são as razões e desculpas para não agirmos. Se não mudarmos internamente não conseguiremos atingir esta transformação global. Temos de aplicar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável internos. Temos de agir, urgentemente, juntos de forma criativa”.

É caso para perguntar como lemos a frase “opportunitiesarenowhere” provocou Robin Teigland, professora da Chalmers University of Technology & co-fundadora da Peniche Ocean Watch. “Tudo depende da forma como olhamos para as coisas: “opportunities are now here” é muito diferente de “opportunities are nowhere”. Através do projeto Peladrone, a “Ocean Watch” tornou a pesca mais competitiva pela identificação da localização de cardumes. Ligou também a comunidade piscatória de Peniche ao conhecimento tecnológico na Suécia, possibilitando a transformar o desperdício das redes de pesca em peças de design impressas em impressoras 3D.

Sob o tema “O Re-Equilíbrio do Nosso Mundo: Um Apelo à Geração do Propósito" (Rebalancing Our World: A Call To The Purpose Generation), as Conferências do Estoril são organizadas pela Nova SBE com o apoio da CMC e vão até 2 de setembro. Dois dias em que as principais escolas de gestão do mundo estarão lado-a-lado com os principais líderes e agentes de mudança. A missão comum é de formar e inspirar os jovens e futuros líderes, num diálogo aberto e intergeracional, sobre os desafios da atualidade. No horizonte a construção de um futuro comum onde a paz, a justiça, a sustentabilidade e a inclusão, prosperem.

Sobre as Conferências do Estoril: www.estorilconferences.org

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