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Entrevista a Carlos Carreiras: A Revolução Tranquila

Cascais vive um autêntico processo revolucionário no sistema de transportes.

A mobilidade gratuita dos cidadãos está na ordem do dia. Carlos Carreiras sublinha ao C, “ninguém ficará de fora”.

C- Que alcance tem esta medida de agora concretizada de todos os munícipes e de todos os que aqui estudam e trabalham terem transporte rodoviário gratuito?

Carlos Carreiras (CC)- Estamos a inaugurar em Portugal uma nova era no que respeita à mobilidade. Trata-se de uma medida, que é uma verdadeira revolução. Uma revolução tranquila. Neste caso concreto somos também o município pioneiro num programa cujos vértices tocam diferentes áreas que são, todas elas, eixos estratégicos da nossa política municipal.

C- Está a referir-se a aspetos de apoio social?

CC- Sim, mas não só. Este programa de mobilidade gratuita, que não se esgota no transporte rodoviário, tem envolventes sociais, tem envolventes de coesão territorial, de captação de empresas e massa crítica e, na sustentação ambiental. Assumimos o combate ao aquecimento global e às emissões de C02, com atos concretos e não apenas por palavras. A causa ambiental em Cascais não se resume a mostrar simpatia por Greta Thunberg.

C- Mas entende que esta medida vai ter implicações imediatas na redução da circulação de automóveis particulares?

CC- Estão criadas as condições para alterações de hábitos quotidianos profundamente enraizados. Como referi não tomamos medidas avulso. Nesta como noutras matérias juntamos o saber com o fazer e começamos a introduzir medidas tendentes à gratuidade desde 2016. Isso implica uma atitude e uma ação que não se esgota num só objetivo, mas interfere numa complexa rede de decisões e atuações. Temos estudos que demonstram que o automóvel é o meio de deslocação mais utilizado nos movimentos pendulares (casa/trabalho, ou casa/ local de estudo) no concelho de Cascais.

A rede de transportes é a infraestrutura com maior impacte no quotidiano dos cidadãos. E é aí que se colocam os maiores desafios, desde logo no plano dos direitos. A mobilidade é um deles. Desafio também no âmbito da coesão territorial, quebrando o isolamento entre áreas do nosso concelho e o desafio na complexa luta contra o aquecimento global e, aí entra a complementaridade com o comboio, com a utilização de bicicletas e trotinetas elétricas, e novas zonas de estacionamento.

C -Mas não teme que a gratuidade provoque um exponencial aumento da procura e que isso tenha implicações na qualidade do serviço?

CC- Esse é um bom problema. Prevemos um aumento dos utilizadores e esse é o objetivo deste programa. Os estudos que fizemos revelam que as questões relacionadas com rotas, frequências e tarifas são as que mais afetam a vida quotidiana dos cidadãos. Se o problema do tarifário está resolvido, temos consciência que os outros dois vetores, rotas e frequências, como igualmente a qualidade da oferta será determinante. Os primeiros dados demonstram essa procura. Dezenas de milhares de cidadãos, logo no primeiro dia procuraram aderir ao programa Viver Cascais e isso até nos criou alguns problemas logísticos. Estamos a trabalhar para reforçar a nossa capacidade de resposta.

C- Implica custos?

CC- Somos rigorosos mas somos criativos. Elaborámos um desenho de investimento que não tem implicações no bolso dos contribuintes. Este programa custa 12 milhões por ano. Vai ser financiado pelo estacionamento pago e por verbas do IUC e da captação de entidades financeiras ligadas à locação de automóveis.

C - Mas em Cascais há mais vida para além da Mobilidade.

CC- Sem dúvida e estamos a trabalhar em todas as frentes. Fazemo-lo sempre de forma integrada. Em colaboração com entidades públicas, com a administração central e com entidades privadas e de solidariedade social. Na educação, no apoio social, na integração e inclusão de minorias, na cultura e no lazer. Cascais é hoje um concelho, solidário, inclusivo e com uma oferta cultural, que é um fator fundamental de atratividade, muito acima da média.

Mas este programa de mobilidade é verdadeiramente revolucionário e atravessa todos os outros eixos da política municipal. Fomos pioneiros na sua implementação, vamos prosseguir e melhorar ainda mais a oferta e lançamos o repto para que outros nos sigam.

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