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Conferências do Estoril 2023 – As cidades que queremos

Miguel Pinto Luz e Ezio Manzini numa conversa inspiradora sobre as cidades de proximidade

Como preenchemos o espaço que as cidades impuseram entre os cidadãos e entre estes e os sistemas políticos e demais serviços? Como contrariamos a solidão a que as pessoas são votadas no seio das cidades? A resposta está nos cidadãos, como defendeu, Ezio Manzini, professor, do Politécnico de Milão, na última conversa inspiradora da edição 2023 com Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais e presidente da Fundação Alfredo de Sousa.

“Re-humanizar algo, quer dizer que deixámos de ser humanos”, assinalou desde logo Ezio Manzini, enfatizando o lema da CE2023. “Então o que aconteceu? Se realmente queremos encontrar uma estratégia de re-humanização temos de saber quem somos, o que queremos e porquê”, desafiou, identificando que, na sua opinião, “estamos a viver uma pandemia de solidão. Algo que é contra a nossa natureza, porque somos animais sociais”. O professor lamentou o facto de enquanto seres humanos “sermos forçados a transformar-nos de seres humanos em clientes de sistemas onde tudo é uma questão de marketing. A isto soma-se a distância que a tecnologia nos impõe. Este é o princípio da catástrofe”, disse.

Um cenário só reversível com a criação de “cidades de proximidade”, um passo que passa por “uma decisão colaborativa entre as pessoas e os gestores: de outra forma não funciona”, alerta Manzini.

O palco da conversa foi partilhado com Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais e presidente da Fundação Alfredo de Sousa, que aproveitou para revelar ao Professor do Politécnico de Milão que Cascais está, justamente, a investir no caminho em que os cidadãos são o foco central. “Estamos completamente empenhados nesta visão de cidade de proximidade”, declarou. “Temos um concelho onde podemos partilhar os ganhos, mas também as responsabilidades. É um espaço colaborativo, co-criado pelos cidadãos”, reforçou, acrescentando que “vivemos numa democracia e enfrentamos o problema do hiato entre os cidadãos e a confiança nos políticos e gestores públicos. Para o ultrapassar precisamos de um novo contrato social, com incentivos e penalizações”. Para isso é preciso trabalhar em escala, providenciando camadas de decisão rápidas, colaborativas, é preciso haver partilha de boas-práticas e de conhecimento e Cascais tem apostado nisso. Esta proximidade, menciona o vice-presidente, entra totalmente em concordância com o mote desta edição das Conferências do Estoril. “Temos de rehumanizar, voltar à estaca zero, sentarmo-nos, dar as mãos e construirmos um mundo melhor”, refere.

Pinto Luz aproveitou para deixar alguns exemplos: “Não há democracia sem mobilidade não adianta investir em resposta se as pessoas não tiverem acesso a esta. Em Cascais a mobilidade é gratuita. Investimos num bom serviço de cuidados de saúde que é gratuito 24 horas por dia, 7 dias por semana. Estamos a investir na Educação, primeiro nas escolas e alunos e agora no software. Com o Orçamento Participativo temos uma obra a cada 0,5 km pensada e votada pelos cidadãos. Este próprio campus é o resultado desta visão colaborativa de bem comum e, finalmente, estamos a investir na sensorização que, articulada com Inteligência artificial, permite antever cenários para uma melhor decisão quanto à utilização do espaço público pelos cidadãos”.

Entre conferências e painéis, Laurinda Alves, diretora executiva das Conferências do Estoril, refere a multidisciplinariedade do evento como um dos seus grandes pontos fortes. “São conferências que fazem uma conjugação absolutamente extraordinária entre talentos, competências, áreas de experiência, de influência, ciência, conhecimento”, refere, acrescentando que tudo isto “se conjuga em nós de uma forma a fazer-nos ficar super hiper mega motivados para tentar fazer também qualquer coisa e não ficar reduzido aos nãos da vida”.

A saúde esteve também em destaque com a entrega dos PI Awards (siga o link para ler)

Criadas em 2009, com seis poderosas edições, as Conferências do Estoril, que passaram este ano a ser anuais, decorreram nos dias 1 e 2 de setembro para envolver uma multiplicidade de lideranças de alto nível, nas áreas da política, empresariado, academia e da sociedade civil, inspirando as novas gerações a, em conjunto, encontrarem possíveis soluções para os nossos desafios comuns.

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