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Chalet Ficalho distinguido com Prémio de Recuperação do Património
O Chalet Ficalho, um dos edifícios icónicos de Cascais que foi residência de veraneio de uma família nobre, foi recuperado e é agora uma "guest house". A sua reabilitação valeu-lhe o Prémio Gulbenkian de Recuperação do Património – Teresa e Vasco Vivalva de 2023, cuja cerimónia decorreu, esta quarta-feira, 13 de setembro, no reabilitado palacete.
O júri do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva deliberou, por unanimidade, atribuir o prémio à Reabilitação do Chalet Ficalho, em Cascais, proposta a concurso pelo arquiteto Raúl Vieira (responsável técnico da intervenção) e Maria de Jesus da Câmara Chaves (dona da obra). O trabalho de reabilitação "conseguiu obedecer a um profundo respeito pela traça original do edifício, o que implicou, em alguns casos, o recurso exemplar a técnicas e saberes artesanais tradicionais no trabalho das madeiras e da pedra, bem como no restauro de telas e sedas de revestimento", referiu António Feijo, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, presente na cerimónia.
O projeto incidiu sobre um edifício que, apesar de classificado, se encontrava já em acentuado grau de degradação e teve como objetivo a reconversão do imóvel num equipamento hoteleiro, o que implicou igualmente a incorporação de infraestruturas modernas de apoio a essa redefinição funcional. Para tal foram encontradas soluções discretas e eficazes, com um mínimo de perturbação do equilíbrio arquitetónico que contribuiram também para a decisão de atribuição deste prestigiado prémio, assim como a recuperação do jardim, em colaboração com o Jardim Botânico de Lisboa, feita com grande preocupação de fidelidade ao projeto paisagístico inicial.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, também presente na cerimónia de atribuição do prémio, louvou a iniciativa da família, afirmando que "a recuperação do património edificado por privados está em perfeita consonância com as políticas urbanísticas municipais que têm vindo a fazer uma contenção dos perímetros urbanos e a reabilitar património com grande valor histórico". A Casa Sommer, vizinha do Chalet Ficalho, o Edifício Cruzeiro, o Forte de Santo António, e, mais recentemente, o Mosteiro de Santa Maria do Mar, foram alguns dos exemplos, entre muitos outros, apontados pelo autarca, do trabalho que Cascais tem vindo a fazer na preservação do seu património, não só edificado, como natural.
A história do Chalet Ficalho
O edifício foi mandado construir em 1887 por António Máximo da Costa e Silva, barão e visconde de Ovar, e a mulher Maria Josefa de Mello, futura condessa de Ficalho. O pedido foi aprovado e as obras de construção arrancaram no início de 1898. O quarteirão do clube da Parada, o local onde a família real passava os dias em jogos e outras atividades, foi o escolhido para implantar o edifício. Com os telhados de forte inclinação cinzento-esverdeados, as janelas altas, as portadas vermelhas e o jardim botânico com espécies exóticas, é um dos mais emblemáticos edifícios da região. O palacete que começou por ser residência dos Condes de Ficalho, passou depois a ser residência de férias das sucessivas gerações que o herdaram. A última dessas herdeiras Maria Chaves faz parte da quarta geração da família.
"Foi um prazer e um grande desafio recuperar o chalet, quer pela sua dimensão, quer pelo seu estado de degradação", confessou Maria Chaves para quem este prestigiado prémio foi um reconhecimento da qualidade do trabalho de reabilitação interior e exterior" de um edifício que é um dos exemplares da arquitetura de veraneio que faz parte da identidade da Vila de Cascais. " É muito bom termos conseguido devolver este património a Cascais, aos cascalenses e a todos os que nos visitam. Podermos recebe-los aqui em casa e proporcionarmos uma experiência única", acrescentou a proprietária.
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