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CE 2019 | Segurança e Direitos Humanos são incompatíveis?

A manhã do último dia das Conferências do Estoril começou com o debate sobre a dicotomia entre a segurança e os direitos humanos. Conseguimos conciliar segurança com direitos fundamentais? Esta foi a pergunta lançada aos oradores: Ana Isabel Xavier, Professora universitária e investigadora; Ronen Hoffman, Membro do Instituto Internacional de Contra_terrorismo e Ex-Deputado do Knesset (Israel) e Spyridon Flogaitis, Diretor da Organização Europeia de Direito Público.

“A imigração e o terrorismo são os problemas que mais preocupam os europeus” começou por dizer a moderadora do debate, Raquel Patrício Gomes, Chefe de Equipa de Imprensa e Media na Representação da Comissão Europeia.

Ana Isabel Xavier afirmou que vivemos tempos imprevisíveis com “a grande mudança ocorrida nas relações internacionais e no ambiente estratégico transnacional de difícil gestão”.

É sabido que o grande foco do problema dos refugiados e migrantes que tanto preocupam os Europeus é a “turbulência” e a “incerteza” sentida no Médio Oriente, onde existem “comportamentos tribais”, onde não há liberdade, nem estrutura para suportar os pilares de um regime democrático, salientou Ronen Hoffman.   

Também para Spyridon Flogaitis, resolver o problema das migrações é um imperativo das sociedades atuais porque muitas vezes este problema anda muitas vezes de mãos dadas com o tráfico de seres humanos, o terrorismo, lavagem de dinheiro. “ É um problema difícil de gerir e a Europa falhou ao lidar com esse problema”, referiu.  

Para Ana Isabel Xavier, “houve um malogro na solidariedade entre os 28 países da UE no que se refere à integração dos refugiados” e defendeu que “a União Europeia falhou em termos de solidariedade e continua a falhar ao não integrar os migrantes e refugiados como cidadãos europeus”. Por isso, “precisamos de uma política europeia comum em termos de migração e de segurança”, concluiu a investigadora.

Também Spyridon Flogatis defende que só em conjunto a União Europeia pode encontrar soluções e atribui o crescimento do populismo o facto de a Europa não ter reconhecido que existe um problema com a migração: “ O problema da democracia europeia é que as forças tradicionais não apresentaram soluções para os problemas que preocupam as pessoas. As soluções não são as que os populistas propõem mas são eles que ganharam os votos porque reconheceram os problemas”.

“Criamos uma Europa do que orgulhamos mas só temos soluções para problemas do passado. Quando temos crises cada estado só pensa em si e apenas em proteger a sua sociedade e o seu estado. Não sabemos estar juntos e vimos isso na crise dos últimos 10 anos”, sublinhou Flogatis.

 E conclui: “Precisamos de criar uma Europa em que nos respeitemos uns aos outros e precisamos de em conjunto ver como é que podemos evoluir, resolver problemas de hoje e do futuro e desenvolver uma sociedade europeia unida”.    (PL)

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

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