O concelho de Cascais quer inventariar o património cultural subaquático do concelho. Para tal tem vindo a localizar e cartografar vestígios arqueológicos submersos com vista ao seu conhecimento científico e de modo a permitir ao município o estabelecimento de estratégias. Até outubro toda a zona costeira de Carcavelos está a ser explorada por uma equipa de arqueólogos subaquáticos. Trata-se de mais uma campanha da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais.
No fundo do mar da zona de Carcavelos foram já identificados vários objetos, nomeadamente quatro âncoras, diversos canhões e um navio a vapor, em ferro, da época contemporânea, cujo estudo aprofundado decorre no âmbito de uma tese de mestrado em arqueologia subaquática. Pretende-se, neste momento, perceber se todos estes destroços resultam de um alijar de carga dos navios ao longo dos séculos, ou se, por outro lado, são o que resta de um naufrágio ainda por estudar.
Os trabalhos no mar decorrem até outubro em função do estado do mar e condições de visibilidade e nele estão envolvidos os arqueólogos subaquáticos António Fialho, da Câmara Municipal de Cascais, Jorge Freire, Centro de Estudos Além Mar da Universidade Nova de Lisboa, e Augusto Salgado, oficial da Marinha Portuguesa.
O projeto, em curso desde 2009, envolve a recolha sistemática de dados históricos e arqueológicos e intervenção de geoposicionamento de sítios e achados já referenciados. Em média, os mergulhadores realizam cerca de 30 horas de imersão por ano. Este ano, a pareceria com a Marinha Portuguesa revelou-se fundamental, não só pela disponibilidade de mais um mergulhador, mas também pela embarcação da Escola Naval que apoia parte da campanha.
A Arqueologia Subaquática estuda e interpreta os vestígios de presença e ocupação humana preservados em meio aquático. Ao longo da história, o mar de Cascais foi o palco de episódios marítimos – acidentes, ataques, afundamentos – que resultaram em naufrágios, e que constituem hoje autênticas jazidas arqueológicas debaixo de água.