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Carta Arqueológica Subaquática de Cascais: Campanha de 2022

Apresentação da descoberta de navio com armas da época das invasões napoleónicas

Esta tarde de quinta-feira, 2 de março, o Museu do Mar Rei D. Carlos foi palco da apresentação dos resultados da campanha de 2022 da Carta Arqueológica Subaquática do Litoral de Cascais. Uma das descobertas apresentadas foi o navio descoberto na foz do Tejo que transportaria armas para as tropas que lutavam contra Napoleão. Os destroços foram localizados este verão pela equipa de arqueólogos da Câmara Municipal de Cascais. Entre eles há caixas com balas de canhão e várias peças de artilharia em bronze e ferro. Uma dessas peças, uma "boca-de-fogo" com o monograma de Jorge III, rei de Inglaterra, foi resgatada e está a ser alvo de restauro e estudo.

Antes da conferência, foi assinado um protocolo de colaboração de Cascais com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA que vem “selar” uma parceria  existente há décadas com o Município. Este protocolo entre o Município de Cascais e o IPMA, vem reforçar a colaboração técnica e científica tendo em vista fomentar a transferência de conhecimento e a definição dos objetivos de investigação de interesse mútuo; Assim como, a articulação das atividades desenvolvidas, nomeadamente dando conhecimento de campanhas marinhas e projetos científicos a realizar na área de jurisdição do Município de Cascais, com vista à otimização de recursos técnicos e científicos.

Esta é uma colaboração que vem de há décadas, visando o desenvolvimento de projetos de investigação e desenvolvimento na área do património natural e arqueológico. " A comunidade que é agora o IPMA sempre trabalhou de uma forma muito estreita com o Município de Cascais porque a Câmara Municipal de Cascais tem uma enorme tradição de interesse pelo oceano", sublinhou Jorge Miguel Miranda, presidente do IPMA, acrescentando que essa colaboração abrange as mais variadas áreas desde a metereologia, aos tsunamis e, agora, à Arqueologia Subaquática e ao clima. "Estamos agora a escrever no papel aquilo que já estamos a fazer e o que vamos continuar a fazer", concluiu o presidente do IPMA. 

Por outro lado, Joana Balsemão, vereadora da Câmara Municipal de Cascais, com o pelouro do Ambiente, referiu a importância da colaboração com as academias do saber como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera: "Não é possível fazer politicas públicas saudáveis sem a colaboração do conhecimento científico rigoroso. Esta parceria com o IPMA simboliza, precisamente, isso. Com um parceiro como o IPMA  vamos poder estudar um pouco de tudo o que tem a ver com o nosso mar", 

O mar como recurso imprescindível para criar riqueza, promover o desenvolvimento sustentável e a adaptação às alterações climáticas, tem estado no centro das políticas municipais. Prova disso é a existência de uma unidade dedicada a desenvolver a Estratégia Municipal para o Mar. Este serviço municipal tem, assim, a competência de facilitar e promover a articulação entre as entidades da administração central e local em matérias de ordenamento e de gestão das zonas marítimas adjacentes ao território do Concelho de Cascais. Para tal, foi também criado o Conselho Municipal do Mar que promove a participação da sociedade civil e entidades locais nos processos de decisão relacionadas com este recurso natural.

Os desafios levantados por uma Estratégia de Desenvolvimento Sustentável levam incondicionalmente a uma Gestão Integrada das Zonas Costeiras e dos Oceanos, dos seus recursos e atividades, com vista ao crescimento económico, à proteção ambiental e à coesão social. Com cerca de 32 km de orla costeira, Cascais detém uma riqueza paisagística e ecológica particular. O turismo e as atividades marítimas têm relevância histórica e, em alguns setores, apresentam um elevado potencial de desenvolvimento devido às infra-estruturas existentes que propiciam a ocorrência de eventos náuticos internacionais. A acrescer, a identidade local associada à atividade de pesca ainda é significativa e persiste, apesar dos problemas associados à modernização e adaptação do setor às Políticas Europeias.

Apresentação dos resultados da Carta Arqueológica Subaquática do Litoral de Cascais | 2022

Esta quinta-feira, foram também apresentados os trabalhos realizados em 2022, no âmbito da Carta Arqueológica de Cascais. O Município continua, assim, a desenvolver uma política de defesa e divulgação do Património Histórico e Cultural. Neste sentido, o estudo e a inventariação do Património Arqueológico Subaquático constituem tarefas fundamentais para a criação de um repositório de informação científica, de grande relevância para a gestão desta herança coletiva.

Na campanha de 2022, prosseguiu-se com o projeto de estudar, descobrir e monotorizar os sítios de naufrágios modernos da Barra do Tejo, designadamente entre os séculos XV e XIX. Foi na denominada zona da Parede 1 que a equipa multidisciplinar da Câmara Municipal de Cascais descobriu aquilo que se julga ser um navio de transporte de armas para a resistência às invasões napoleónicas. 

"A partir destes naufrágios no litoral de Cascais, é possível fazer a ponte com a História de outros países e contribuir para entender o papel de Cascais no mundo", referiu Severino Rodrigues, Chefe de Divisão de Arquivos e Património Histórico da Câmara Municipal de Cascais. "Os sítios arqueológicos que temos vindo a encontrar na entrada do Tejo são dos mais importantes a nível mundial e uma contribuição inestimável para o conhecimento do património histórico e cultural do mundo", acrescentou.  

O projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais (ProCASC) teve início em 2005. Pioneiro em Portugal, este projeto desenvolve-se por fases e com uma perspetiva temporal de longo prazo. Essencialmente o ProCASC é um banco de dados, uma ferramenta de gestão do património subaquático, na qual são georreferenciados todos os sítios arqueológicos identificados e os materiais neles recolhidos, fruto de achados fortuitos, de missões de prospeção ou de acompanhamento arqueológico de obras de construção civil. A agregação dessa informação e o seu cruzamento com fontes orais e documentais permitirá, por exemplo, sistematizar e estabelecer medidas de proteção e valorização dos sítios arqueológicos identificados, bem como contribuir para o estudo da história do concelho. O projeto foi distinguido pela UNESCO que reconheceu Cascais como exemplo de boas práticas no âmbito da Arqueologia Subaquática.

Saiba mais sobre a Carta Arqueológica Subaquática de Cascais aqui

Cascais Digital

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