Topónimo presta homenagem a Padre Miguel Barros, fundador da Associação Juventude Salesiana

A rua, localizada no arruamento sito no bairro Mira Golfe, confluência da Travessa S. Domingos Sávio e Ruas de S. Francisco de Sales / Santa Maria Mazarello / Palmeiras, tem agora o nome daquele que foi ao longo da sua vida um exemplo de dedicação aos jovens e persistente vivência nos ideais de D. Bosco.

O Pe. Miguel foi sempre conhecido como um bom homem, um professor, um pedagogo e um amigo de inúmeros jovens ao longo da sua carreira de 60 anos.

Na área do Hóquei em Patins, a sua reputação era internacional. Foi o fundador da Associação da Juventude Salesiana e pelas suas mãos, ao longo de várias décadas de dedicada atividade educacional e desportiva, passaram centenas de jogadores do hóquei como Chana, Sobrinho, José Virgílio, Picas, Piruças, Raul Pereira, Artur Agostinho, Filipe Gaidão, Pedro Simões, Carlos Santos, João Paulo, Favinha e Tiago (Bubu), entre muitos outros.

Conhecido sobretudo pela sua ligação ao Hóquei em Patins, Pe. Miguel foi um homem dedicado e exigente. Um notável professor em várias áreas: pintura, escultura, eletrónica, música, cultura chinesa, Entre outras. Um homem de espirito cristão empenhado em formar jovens.

Durante a cerimónia, que contou com vários amigos e ex-alunos do Padre Miguel Barros, Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, relembrou o exemplo do homem devoto aos jovens: "Recordo com saudade a última vez que tive com Padre Miguel, numa homenagem que lhe foi prestada. Foi um momento forte porque não conseguimos conter as lágrimas, lágrimas de dignidade e de grande reconhecimento por tudo aquilo que o Padre Miguel significou para nós. Agora, enquanto presidente da Câmara Municipal de Cascais, tenho a oportunidade e também o previlégio de lhe prestar uma justa homenagem". 

Também Pedro Mota Soares, Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, e ex-aluno relembrou o seu professor: "O senhor Padre Miguel era um líder amado e muito exigente. Ele deixou a muitos jovens os valores essenciais da vida: o de conseguirmos alcançar as coisas pelo mérito, esforço e trabalho. É uma justa homenagem por parte da CMC e da Junta de Freguesia Cascais-Estoril, num bairro Salesiano como este."

Pe. Miguel Barros, [1923-2010]
Nascido na Ericeira em 1923, filho de grupo de 8 irmãos, rapidamente se encaminhou dentro dos caminhos de um seminário, principalmente pela grande amizade familiar de um padre Salesiano Italiano “Guido Setti”. Depois de começar no colégio Salesiano das Oficinas de S. José em Lisboa, estuda filosofia e teologia já nos Salesianos do Estoril, começando a dar aulas no início dos anos 40.
Nesta altura, um grupo de alunos, fascinados pelos feitos das Seleções Nacionais de Hóquei em Patins pelos Europeus e Mundiais, lança um desafio de criar uma equipa de hóquei em patins na Escola. Mesmo sem conhecer bem o desporto e as regras, munidos de cabos de vassoura, sapatilhas e bola de trapos, começam a treinar no pórtico da escola e a realizar até alguns jogos particulares.
Em 1951 faz a sua ordenação e recebe destes alunos como prenda, uns patins, um setique e uma bola, levando-o então a decidir levar este desporto e a sua aprendizagem muito mais a sério.
Em 1952 aceita um convite para abrir uma missão num colégio Salesiano em Moçambique, e fica ainda mais motivado, pela notícia da existência de um ringue bom para a modalidade na zona. Fez lá grandes feitos, e quando voltou a Portugal, e 1957, mais de metade dos atletas de Lourenço Marques, na altura, já lhe tinham passado pelas mãos.
De volta aos Salesianos do Estoril, decide reanimar o Hóquei em Patins, e em 1960, depois de uns feitos vistosos, dado à contrariedade de ver os seus atletas serem “convidados” para outro clube da linha, decide que só continua com um clube federado.
20 de Março de 1961, nasce a Associação da Juventude Salesiana.
Após 2 anos de gestação, a AJS começa a marcar presença no Hóquei Patins, ganhando a dupla de Campeões Regionais e Nacionais em Juniores em 1963.
Depois foi o que a seguir se viu, contando com o 1º Internacional logo em 1964 a que se seguiram mais 24 atletas.
Os tempos áureos das décadas de 60 e 70 deram grande renome ao clube e ao seu fundador e treinador, Pe. Miguel Barros: “A formação dos atletas neste clube, sempre se fez dentro dos princípios católicos e cristãos. Sempre se basearam os objetivos na camaradagem e na amizade. Não se trata de um clube para a “luta” e com um único princípio de vitória e campeonismo. “NÓS” sabemos ganhar e sabemos perder. Construímos jovens pela formação, pela educação e pelo desporto como um todo.” Palavras ditas numa das suas entrevistas.