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Município homenageia Celestino Costa
“Camões foi pai na história,
Na derrota ou na vitória,
Foi o poeta primeiro.
Foi irmão da indigência,
Foi filho da sapiência,
Enteado do dinheiro.
Bocage foi rei do riso.
Nas quadras de improviso,
Deu-lhe o povo o seu afeto.
Toda a vida um fingidor
E verdades só na dor
No seu último soneto.
O Pessoa, o visionário,
Foi um simples escriturário,
Foi pouco mais que a ralé.
Mas já passou outrora,
Quanto valeria agora
O cheiro do seu chulé?
O Aleixo foi autor
De quadras de grande valor
E andou a vender a sorte.
Para os poetas, Pátria querida,
És madrasta toda a vida,
Só és Mãe depois da morte.”
Quem o declamou foi Celestino Lopes da Costa: canteiro, poeta e saloio de Cascais. Aos 91 anos, Celestino Costa, natural da Abóboda, é um enorme embaixador da identidade local, através da sua vivência, usos e costumes da cultura saloia. A sua história de vida e do saber-fazer do ofício de canteiro tem constituído uma forte aposta na salvaguarda deste património vivo.
Assim, e pela sua enorme contribuição para o Centro de Interpretação do Espaço Rural de Cascais – Casal Saloio de Outeiro de Polima, foi realizada uma homenagem a este munícipe, que doou uma parte do seu espólio para integrar a exposição permanente deste espaço cultural que tantas vezes visita.
Esta homenagem foi realizada na tarde deste sábado, 25 de janeiro, e contou com a presença de vários amigos e vizinhos do Sr. Celestino, bem como de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, e do vereador Alexandre Faria.
“[Celestino Costa] tem sido um grande entusiasta, e mais do que um entusiasta, tem doado muito do espólio aqui do Casal Saloio de Outeiro de Polima. E, além do mais, foi um canteiro, que também tem uma forte tradição em Cascais, que era um concelho de Canteiros, mas também foi um poeta dentro desta região saloia tão abrangente de que Cascais faz parte com todo o orgulho,” explicou o presidente da autarquia. “Para Cascais é um privilégio ter um munícipe como o Sr. Celestino”, elogiou.
Quanto à importância desta homenagem para si, o Sr. Celestino agradeceu e explicou que acabou por ser “uma maneira de juntar pessoas que eu gostava de (re)ver juntas.”
Neste dia, foi também aberta ao público uma mostra documental com especial destaque para o lugar de Abóboda, na freguesia de São Domingos de Rana, muita da qual fruto da vivência de Celestino Costa, que estará aberta ao público até 11 de maio. Saiba mais sobre esta exposição aqui.
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