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Conferências do Estoril 2024
No arranque da edição 2024 das Conferências do Estoril (CE), que decorrem entre 24 e 25.10 na Nova SE, em Carcavelos, foram muitas as personalidades presentes Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, Ramos Horta, Presidente de Timor-Leste, Nuno Piteira Lopes, Vice-Presidente da CMC, e a Primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, entre outros intervenientes mundiais que vêm partilhar experiências e repensar o futuro e no mundo onde vivemos.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais lançou o repto na abertura das CE para a futura criação da “Organização das Cidades Unidas”. Uma proposta de solução local para o problema global que decorre da crescente ineficácia da Organização das Nações Unidas na resolução dos conflitos que ameaçam a paz no mundo, como reconheceu no discurso de abertura. "As cidades não são apenas a mais antiga forma de corpo político. São as mais bem-sucedidas organizações dos assuntos das pessoas que alcançou uma importância e um protagonismo que tem sido exclusivo dos Estados", disse Carlos Carreiras no discurso de abertura.
Organizadas desde 2009, primeiro pela Câmara Municipal de Cascais, e desde 2021 pela Nova SBE em colaboração com a autarquia, a que se juntou também a Nova Medical School, as Conferências do Estoril foram criadas para procurar soluções locais para problemas globais. Um novo centro de debate mundial, que trouxe e continua a trazer a Portugal alguns dos mais destacados líderes mundiais e nacionais de prestígio da política, empresas e universidades, e níveis da sociedade civil, incluindo vários Prémio Nobel e Chefes de Estado, para discutir os principais desafios globais que o mundo enfrenta, manter um papel ativo na busca de soluções viáveis para uma mudança positiva.
“Neste dia, há precisamente 79 anos, era criada a Organização das Nações Unidas. 79 anos depois não podemos deixar de nos inquietar com o estado do mundo. Vivemos tempos complexos – alterações climáticas, o fanatismo político e religioso, o radicalismo nas sociedades ocidentais, o conflito israelo-palestiano, e a guerra no coração da Europa. É altura de Repensar”, referiu Carlos Carreiras, utilizando o lema desta edição.
Olena Zelenska, Primeira-Dama da Ucrânia colocou o foco do debate mundial, a partir de Carcavelos, na eficácia/inação da ONU a respeito da guerra que o seu país está a enfrentar: “As ações que tomarmos hoje vão moldar o nosso futuro”. Oleksandra Matviichuk, Prémio Nobel da Paz 2022 e presidente do “Center for Civil Liberties” da Ucrânia reforçou esta posição: “O sistema da ONU não consegue travar a Rússia que está a raptar, violar, torturar civis no território ocupado. Já 19.000 crianças ucranianas foram levadas para a Rússia”, disse.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, a urgência de repensar o mundo está em debate nas Conferências do Estoril onde muitos são os pensadores (e não só) a quem, o Presidente da República deixou hoje o desafio: “É tempo de pavimentar o caminho, preparar os próximos passos. (…) É tempo de agir. Amanhã poderá ser demasiado tarde”.
Uma tarefa para cujo sucesso todos contam, como referiu Pedro Oliveira, Dean da Nova SBE, dirigindo-se em especial aos jovens, presentes em força nesta conferência que registou mais de 5.000 inscrições (presenciais e online): “Vocês são o nosso futuro. Contamos convosco para criar uma sociedade mais humana, melhor e mais justa”.
O primeiro dia contou com intervenções de Ramos Horta, Presidente de Timor-Leste, que focou a sua intervenção na necessidade de haver diálogo e negociação para pôr fim aos conflitos que estão a prejudicar gravemente o futuro de todos. “O preço do arroz passou de 11 dólares para 20 de um dia para o outro. O óleo alimentar duplicou de preço igualmente. Todos sofremos, em especial as crianças”. Evocando a história do seu país, colocou à disposição as suas qualidades de negociador bem-sucedido.
Sherri Aldis, diretora do Centro de Informação Regional para a Europa Ocidental da ONU, procurou equilibrar a balança em relação ao trabalho desenvolvido pela ONU. Numa palestra inspiradora sobre o papel das Nações Unidas na definição do futuro do multilateralismo, falou sobre o “compromisso inabalável da ONU com a integridade da informação está a impulsionar a harmonia global” e explorou “como a verdade, a transparência e a inovação são fundamentais para a construção de um mundo mais inclusivo e próspero, onde o conhecimento capacita o progresso e promove mudanças positivas”. Sherri Aldis, concluiu: “É altura de trabalharmos juntos”, apelando a um esforço de união, naquele que, no seu entender, é o dia perfeito para o fazer, ou seja, o Dia das Nações Unidas, fundada a 24 de outubro de 1948.
Mariana Van Zeller, produtora executiva do programa “Traffic”, no canal National Geographic, vencedora de cinco prémios EMI, partilhou as histórias que ouve por todo o mundo. “O submundo é responsável por 30% da economia global. É o terço escondido. Compreender estes mercados é fundamental se quisermos perceber melhor como funcionam para contrariar ou evitar a sua existência”. Já ouvi criminosos e foras da lei em todo o lado, os mais estigmatizados, os piores de todos e chego à conclusão de que são pessoas como nós, mas que, por causa da falta de oportunidades, se transformam naquilo que são. É a inequalidade que os leva a ser assim. Se queremos que o mundo seja um lugar melhor e pacífico, é a inequalidade que temos de contrariar”, disse fechando: “não importa onde vamos, onde quer que estejamos no mundo, há sempre pessoas com as quais nos identificamos e que podem ser reabilitadas”.
A reflexão sobre os temas Paz, Políticas, Planeta, Inteligência Artificial & Tecnologia e Longevidade, estende-se ao longo de dois dias, com a participação de diversos líderes nacionais e internacionais.
CMC/FH/MS/LB/JM