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História do TEC em Livro
Foi este sábado, 17 de fevereiro, lançado o livro "Fazer Sonhar – Teatro Experimental de Cascais 1965-2023", de José Pedro Sousa. A emotiva cerimónia decorreu no Auditório Carlos Avilez, na Academia de Artes do Estoril, no renovado Edifício Cruzeiro. Lembramos que o fundador do TEC, Carlos Avilez, recentemente falecido, dirigiu a companhia até às vésperas da sua morte, imprimindo à sua programação desde sempre, o cunho de irreverência e pioneirismo que lhe eram reconhecidos pelos seus pares profissionais, amigos e admiradores.
O livro de José Pedro Sousa, apresenta uma narrativa histórica detalhada sobre o Teatro Experimental de Cascais (TEC), reconhecido como a companhia teatral mais antiga da Europa ainda em atividade. Desde 1965, o TEC tem sido um motor de atividade teatral múltipla e variada, destacando-se como uma das companhias de teatro de maior longevidade no mundo.
Esta obra agora lançada e há muito desejada, testemunha o relevante papel cultural que o TEC desempenhou não só em Cascais, como marcou definitivamente a história do teatro nacional, com uma produção, praticamente, ininterrupta desde a sua criação há 59 anos. "O teatro não pode parar. Não podem deixar morrer o teatro!", afirmava Carlos Avilez, perante as sucessivos desafios que o setor atravessou na sua longa existência. Um facto é que em cada um dos espetáculos, as salas enchiam e muitas delas esgotavam em poucos dias, fruto da capacidade da Companhia se renovar e adaptar aos tempos de mudança.
Esta obra é "um cofre de segredos. Um documento patrimonial do teatro, de Cascais e da Cidadania" referiu a escritora, professora e ex-critica teatral do Jornal Expresso, Eugénia Vasques, acrescentando que é um registo "fundamental para se conhecer a história do teatro contemporâneo, tal a qualidade do trabalho do TEC durante seis décadas, a quantidade de atores e encenadores de renome consagrados que pisaram o seu palco e a variedade de textos de autores nacionais e internacionais que são marcos na dramaturgia mundial, ali representados".
Ao longo de sua história, o TEC demonstrou um interesse contínuo na busca e experimentação, apresentando uma ampla gama de autores clássicos e contemporâneos no seu repertório. Entre os autores incluídos estão nomes como Lorca, Yves Jamiaque, Racine, John Osborne, Schiller, Jack Gelber, Arrabal, Mishima, Gombrowicz, Genet, Lope de Vega, Brecht, Molière, Aristófanes, Shakespeare, Büchner, Roberto Cossa, Ibsen, Philippe Minyana, Copi, Terrence McNally, James Goldman, Ronald Harwood, Moïses Kaufman, David Hare e Tennessee Williams, bem como figuras da literatura portuguesa como António José da Silva, Gil Vicente, Torga, Miguel Rovisco, Santareno, Garrett, Camões, Alice Vieira, Jaime Rocha, Maria do Céu Ricardo, António Ribeiro (Chiado), Luiz Francisco Rebello, Maria Alberta Menéres, Gervásio Lobato, Carlos J. Pessoa, Jorge Guimarães, José Jorge Letria, Maria Estela Guedes, Júlia Nery, Fernando Pessoa e Natália Correia.
Além disso, o TEC tem se destacado pela colaboração com diversos profissionais externos, sempre pautando-se por critérios de qualidade e inovação. Encenadores de renome como Victor Garcia, Artur Ramos, Rogério Paulo, Fernanda Lapa, Naum Alves de Sousa, Pessoa, Rogério de Carvalho e Jorge Listopad passaram pela companhia, assim como artistas plásticos e compositores.
"Nestes 58 anos, o TEC tornou-se uma verdadeira instituição viva com um património material e imaterial coletivo que nos transcende", assinalou Salvato Teles de Menezes que destacou, ainda, o projeto arrojado que começou em Cascais em 1965 e o imapcto cultural que a Companhia teve e tem no concelho.
Sempre na busca de novos públicos e com a preocupação da sua formação para assegurar o futuro do Teatro, designadamente, dos jovens, o TEC também se envolveu em projetos educacionais, como o projeto "O Aluno, o Professor, o Teatro e a Escola", em parceria com a Câmara de Cascais, que e deu origem à Escola Profissional de Teatro de Cascais, donde saíram grandes nomes do teatro e do cinema português. Consciente de seu papel como agente cultural, o TEC tem promovido iniciativas diversas, como conferências, exposições e festivais de teatro, incluindo o "Mostra_T", festival voltado para jovens atores e novas companhias . Não esquecendo também o Espaço Memória, aberto em Cascais desde 2004, um espaço com uma grande dinâmica, onde para além da exposção permanente com o acervo da Companhia, o público pode encontrar uma sala expositiva com uma variada e interessante programação, virada para as artes performativas e não só.
"Fazer Sonhar" conta-nos a história de paixão, resiliência e coragem pelo Teatro, do grupo de profissionais que têm levado a Companhia por estes anos fora, com Carlos Avilez ao leme, co-adjuvado por João Vasco e Fernando Alvarez e toda uma equipa de profissionais que asseguram os níveis de qualidade que conquistaram públicos de todas as idades, proveniências, tanto pelo país como no estrangeiro. O teatro e o TEC, como dizia Carlos Avilez " é um sacerdócio, uma forma de vida".
Apresentada a Programação para 2024, fica a certeza de que o legado do Teatro Experimental de Cascais, agora eternizado em livro, tão rico em passado, continua no presente e a projetar-se para o futuro, evidenciando a constante evolução e vitalidade da companhia que é uma referência na vida cultural portuguesa.