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Cibersegurança nas autarquias debate-se em Cascais

A 8ª edição da C-DAYS, dedicada ao tema “Apostar na Prevenção”, no centro de Congressos do Estoril, prosseguiu esta quarta-feira. Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, foi um dos oradores do painel “ Políticas Públicas” com enfoque na cibersegurança nas autarquias.
Para os menos versados nestes novos termos tecnológicos, a cibersegurança é a prática que protege computadores e servidores, dispositivos móveis, sistemas eletrónicos, redes e dados contra ataques maliciosos.
As autarquias estando abrangidas pelo Regime Jurídico de Segurança do Ciberespaço estarão cientes das suas obrigações e mecanismos à sua disposição para o implementar? Numa era que as cidades se tornam inteligentes assentando a sua gestão nas TIC e na agregação de grandes volumes de dados, estarão as autarquias conscientes dos riscos e ameaças à segurança das redes e sistemas de informação?
Cascais tem bem ciente que a sua competitividade num mundo interconectado e interligado depende da sua resiliência no ciberespaço.
“A sua capacidade de proteger e defender os cidadãos já não está em causa apenas e só nos nossos hospitais, nas nossas estradas e nas nossas ruas. A defesa dos cidadãos, e dos direitos que fundam as suas liberdades, transferiu-se também para o domínio do ciberespaço”, refere Carlos Carreiras no painel que abordou alguns dos desafios com que as autarquias são confrontadas e as práticas de cibersegurança que podem ser adotadas.
A maior comunidade do mundo não é um Estado Nação. É a comunidade de utilizadores de internet. 5 Mil milhões de pessoas em todo o mundo. “Isto traduz-se em oportunidades infinitas para fazer avançar as nossas sociedades num caminho de pluralismo, de fraternidade e de esperança. Porém, o mal é uma constante de todos os tempos. E por maior que seja a evolução tecnológica, ele andará sempre por aí à espreita”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Cascais.
“Para Cascais é de vital importância reforçar as nossas defesas e reformar a nossa matriz de riscos porque sabemos que o digital, o ciberespaço, é o presente e o futuro para o comércio, para os serviços, para o lazer, para a saúde, para a educação e até para a moeda – isto é, para todas as áreas tradicionais de soberania e de governo”, sublinha o autarca.
A literacia digital acessível a todos os cidadãos deve ser também uma grande aposta, pois, nesta área, a melhor defesa é sempre a prevenção. O presidente da Câmara de Cascais não tem dúvidas de que o caminho são as cidades inteligentes "para uma melhoria substancial da qualidade de vida dos cidadãos". E nesse sentido Cascais tem sido pioneira em diversas áreas, como a mobilidade, o sistema inteligente de recolha de resíduos sólidos urbanos, a videovigilância do Parque Natural, a aposta na democracia participativa e colaborativa que gera nos cidadãos mais confiança naqueles que gerem o município, assim como, no estabelecimento de uma rede colaborativa com todos os setores da sociedade.
" O problema é que quantas mais portas (digitais) se abrem, mais riscos corremos de um ataque à informação e aos nossos dados. Temos por isso que contrabalançar as oportunidades que a tecnologia nos dá com os riscos acrescidos, assim como salvaguardar oportunidades iguais no acesso à informação para assegurarmos o exercício democrático nas nossas sociedades".
O que está a ser feito em Cascais na prevenção de ciberataques?
- Foi criado no ROSM, uma divisão de Cibersegurança. "A questão é a escassez de profissionais desta área e uma total desadequação do padrão de carreiras e remunerações na função pública que não permite a uma autarquia ou a uma entidade governamental competir com o setor privado pelo talento nas áreas das tecnologias de informação, inteligência artificial e, claro, cibersegurança", defende o chefe do Executivo Municipal.
"Falamos muito de descentralização por estes dias no debate público. Uma das coisas que eu defendo è as Câmaras poderem ter autonomia na gestão das carreiras para poderem contratar os melhores professores, os melhores médicos e também os melhores especialistas nesta área", defende Carlos Carreiras.
Cascais tem atuado em diversas vertentes, na tentativa de diminuir os riscos cibernéticos, nomeadamente:
- Todos sites e aplicações, antes de irem para produção, são auditados por uma entidade externa de modo a garantir que foram desenvolvidos de acordo com as boas práticas de segurança ao nível de desenvolvimento de código e que não têm vulnerabilidades.
- Ao nível do Physhing é utilizada uma plataforma que envia emails de physhing esporádicos e que, no caso dos colaboradores clicarem nalgum dos links maliciosos, os redireciona para formação sobre como evitar estas práticas; todos os colaboradores têm formação interna sobre o tema e como o evitar.
- A maior parte dos recursos informáticos do universo municipal está externalizado (na PT Cloud) e foi contratado um serviço de monitorização ativa 24x7 que nos fornece alertas e nos permite atuar, proativamente, em caso de ameaça ou ataque.
- Foi também implementado o Cisco Umbrella para, nos acessos Guest (internet free), permitir bloquear sites cujos conteúdos sejam impróprios ou perigosos.
- Foram segmentadas todas as redes internas, controlando o tráfego entre elas, inclusive entre edifícios, assim como ao nível das redes IoT (sensorização sobre a recolha de resíduos, parqueamento etc.), também elas segmentadas.
"Estou ciente que estamos longe de fazer tudo o que é preciso. Mas estamos a dar passos concretos para sermos mais resilientes. Sobretudo porque cada vez mais serviços, bens e experiências estarão desmaterializados", concluiu o autarca.
PL | CMC