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Abrir portas ao emprego na deficiência

Workshop na Cidade das Profissões para falar sobre diversidade no emprego

Pode a deficiência ser uma mais-valia em relação ao emprego? Como se lida com a diferença em contexto laboral? Que oportunidades estão criadas para empregadores e candidatos?

A nível nacional está já a decorrer um programa de integração por quotas com acesso a um conjunto de apoios, sendo os processos tratados junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional em parceria com o Centro de Recursos, que no caso de Cascais está centrado na Cercica – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais. 

Mas será suficiente? A Cidade das Profissões de Cascais, área de promoção do emprego da Câmara Municipal de Cascais está decidida a fazer a diferença e a aproximar empresários e candidatos. Por isso, promove com alguma regularidade encontros informais. Foi o caso da última quarta-feira, ao final da tarde. 

Ambiente informal, sala cheia. Cidadãos deficientes e familiares em alguns casos, diretores de recursos humanos, técnicas das equipas da Cidade das Profissões (CMC), IEFP e Cercica. Todos focados no tema “Diversidade no Recrutamento”. 

O ponto de partida é a transparência. É importante que o candidato a emprego diga qual a sua deficiência, o que sabe e consegue fazer e o que não sabe ou não consegue fazer. Esta é uma premissa fundamental para todo o processo.

“Contratar uma pessoa deficiente não é uma questão de inclusão”, defendeu Rodrigo Castro, assessor do vereador para a área do emprego, Frederico Nunes. “Trata-se, antes de mais, de saber qual o valor que essa pessoa acaba por trazer para dentro de qualquer empresa”, acrescentou, partilhando com os presentes o caso de uma empresa que prefere contratar pessoas surdas, muito mais produtivas em contexto de trabalho onde existe muito ruído.

Sempre à procura da vaga certa para a pessoa certa, Miguel Homem, do Grupo Auchan, acredita que “uma empresa só se conhece verdadeiramente, só faz sentido, se for o espelho da sociedade”. “O grande desafio” na contratação de uma pessoa com deficiência “é saber o que muda verdadeiramente”. Ou seja, não é contratar por contratar. É saber “que vaga pode ser preenchida por uma pessoa com estas ou aquelas características”.

E há limitações dos dois lados que é preciso ultrapassar. Por exemplo, quem contrata tem de dar tempo, porque uma pessoa que lida com a deficiência precisa de mais tempo para se adaptar. É preciso compreender as regras “e ser humilde para se perceber que existem realidades diferentes”.

E tudo corre bem? Não. Nem sempre. Mas quando corre, reforça o diretor de Recursos Humanos da Auchan: “contratamos uma pessoa que não nos deixa na mão”.

“Os deficientes não são “coitadinhos”, são pessoas com uma experiência de vida muito rica”, reforçou, Eduardo Santini. Na fábrica dos “Gelados mais finos do mundo”, muitas vezes se abre a porta aos candidatos trazidos por Marisa Matos, gestora no Centro de Recursos da Cercica.

“Nem tudo são rosas, mas estas pessoas muitas vezes querem trabalhar e não podem, enquanto há outras que podem, mas não querem”, salienta Eduardo Santini. É o empenho dos candidatos e a sua capacidade de resposta à função que lhe é proposta que dita a contratação. Como em qualquer outro caso.

Não desistir dos sonhos

Madalena e Luísa são dois exemplos de que é possível quebrar barreiras e conquistar autonomia.

Anã, Madalena encontrou a realização profissional na Escola onde trabalha como Assistente Operacional. A candidatura a um concurso público junto dos Recursos Humanos da Câmara Municipal de Cascais abriu-lhe as portas para um emprego “normal” que há muito procurava: “sou feliz ali como nunca fui”. E se seria de esperar as crianças encontrassem no tamanho forma de a descriminar, o que aconteceu foi o inverso: “brinco mais com elas por ser como sou, respeitam-me e até me defendem se alguém goza comigo”.

Luísa está igualmente integrada no seu posto de trabalho. “Faço tudo e mais alguma coisa”. Com uma incapacidade mental motivada por acidente, Luísa nunca desistiu do seu sonho, trabalhar na Auchan. “Foi difícil, mas consegui”, explica. Depois de uma formação específica que se revelou incompatível com a sua saúde, hoje é uma colaboradora dedicada. “Abriram-me a porta. O resto era comigo”. E se tempos houve em que tinha vergonha de acompanhar os colegas na hora de almoço, hoje, sente-se aceite e partilha: “são como a minha família”.

O tutor é um dos segredos do sucesso

Marisa Matos, da Cercica, partilhou com todos os passos dados para estabelecer a ponte entre o IEFP e as empresas. “É a pessoa deficiente, ou o seu tutor, quem faz a inscrição no Centro de Emprego, mas somos nós, enquanto Centro de Recursos, que ajudamos no processo, a fazer a ponte com as empresas”. E nesse processo contam com a ajuda da Câmara Municipal de Cascais. 

E em que consiste essa ajuda? Primeiro há um período de formação de 12 meses em que se promove o treino de competências, bem como o desenvolvimento de currículo e preparação para entrevistas. Selecionada a empresa onde foi identificada uma vaga para uma pessoa com estas características, há um período de três meses de adaptação para se perceber se faz sentido a função escolhida. O empregador tem sempre o apoio do Centro de Recursos, mesmo quando finda o período subsequente de acompanhamento à colocação (que pode ir até 36 meses).

Para ir ao encontro das expectativas é preciso primeiro fazer um levantamento de funções e ajustar o perfil dos candidatos à rede de empresas parceiras. Depois há que quebrar o gelo e vencer barreiras que, muitas vezes, passam por identificar as regras e dinâmicas, compreender as rotinas e, acima de tudo, encontrar um tutor dentro da organização. “Tem de ser alguém que funcione como “um porto seguro, a quem a empresa atribui alguma disponibilidade para a tutoria”, remata Marisa Matos.

Boom no apoio à contratação

Aos empresários importa ainda saber que junto do IEFP podem obter todas as informações sobre candidaturas à oferta de estágios profissionais de inserção (12 meses com bolsa variável em função de diversos fatores). Miguel Lopes e Madalena Guerra são os responsáveis para a área de Cascais e Oeiras.

Para mais informações contacte a Cidade das Profissões:

Email: cidadedasprofissoes@cm-cascais.pt
Tel.: 21 485 59 45 
Morada: Ed. Cascais Center, Rua Manuel Joaquim de Avelar 118, 2750-281 Cascais, 9h00-18h00, de segunda a sexta (exceto quinta-feira))

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