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Hoje Há Teatro
São nove espetáculos todos ao fim de semana. Até fevereiro os grupos de teatro amador de Cascais têm oportunidade de mostrar aquilo que andam a fazer. “Teatro Entre Nós” vai na quinta edição e a iniciativa tem sido um sucesso, com o Teatro Mirita Casimiro sucessivamente esgotado.
São onze os grupos cénicos que o município apoia, todos ligados ao associativismo recreativo e cultural do concelho. Nem todos participam no “Teatro entre Nós” porque têm a sua agenda própria e espetáculos a estrear fora do festival. É o caso do grupo de teatro da Sociedade Musical de Cascais que já estreou o musical “O Sapateiro e os Duendes” em que estiveram envolvidas 25 pessoas.
“Cascais tem uma tradição de teatro amador e todas as manifestações desse género são importantes e para valorizar”, refere Carlos Avillez, encenador e diretor do Teatro Experimental de Cascais e que também é o responsável pela Escola Profissional de Teatro de Cascais ter sido o berço da representação de grandes nomes da arte cénica portuguesa.
“ A Escola de Teatro Profissional de Cascais teve um grande impacto no meu percurso”. Quem o afirma é Sara Matos, uma das atrizes portuguesas mais queridas da ficção nacional e que sempre que pode troca a televisão pelo palco.
O sucesso da Escola Profissional de Teatro de Cascais é um reflexo da importância que as artes performativas têm num concelho onde existe mais de meia centena de coletividades com atividade nas áreas culturais e recreativas. E das mais antigas do país, com algumas a remontar ao final do século XIX.
Não é por acaso que um dos grandes projetos que está a ser desenvolvido no concelho é a “Vila das Artes”, em que o emblemático Edifício do Cruzeiro, no Monte Estoril, está a ser alvo de uma profunda requalificação para vir a acolher um centro de artes performativas. Onde se inclui as novas instalações da Escola Profissional de Teatro.
O teatro é uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade. E tem sempre sabido resistir, mesmo quando muitos vaticinavam a sua morte com a invenção do cinema e da televisão e, mais recentemente, com as novas tecnologias que desencadearam novas formas de consumir cultura. O teatro amador é também o responsável pela captação de novos públicos e pelo despertar de muitos talentos.
“ É nestas coletividades que muitas vezes se cria o gosto pelo teatro”, afirma Susana Mara Ribeiro, encenadora do grupo cénico da Sociedade Musical de Cascais, um grupo ativo desde 1930, data dos primeiros registos de peças levadas à cena por esta coletividade.
Em Cascais, o futuro do teatro parece bem sólido. Não só porque há cada vez mais alunos do concelho a frequentarem a Escola Profissional de Teatro, como o facto de os participantes nos diferentes grupos cénicos das coletividades serem na sua maioria crianças e jovens. E em alguns deles, é no seio da sua coletividade que desperta “o bichinho da representação” desde muito cedo, quando acompanhavam a tia ou o pai nos ensaios.
Mas, se nem todos conseguem vir a tornar-se profissionais, uma coisa é certa. Todos têm a ganhar pela participação nestes grupos de teatro amador. Seja pela disciplina, seja pela aprendizagem com os mais experientes a gerirem emoções, ou até pelo trabalho em equipa.
Tendo a prática artística também como função criar cidadãos mais conscientes, “ Colaborar com o outro e sair fora da caixa torna-nos pessoas melhores” como testemunha Patricia Jaleca que desde os 3 anos participa no grupo da Sociedade Musical de Cascais e a protagonista do novo espetáculo.