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Casa Chabad - Do sonho à realidade

A Casa Chabad será inaugurada até ao final de 2019

O Centro Cultural Judaico já é uma realidade, com o fim das obras previsto para o final deste ano.

Uma casa Chabad é um centro para viver e celebrar a tradição judaica. Numa casa de Chabad, os Shaliach e Shalucha (rabino e sua esposa) organizam programas, atividades e serviços para a comunidade judaica local e para a comunidade em geral.

O sonho começou com a vontade de ler os escritos deixados pelos judeus portugueses do século XV. Em 2006, Eli Rosenfeld era então um estudante de Brooklyn enviado para Lisboa para viver um verão diferente, num país de que pouco sabia. Portugal e os portugueses depressa souberam conquistar o jovem de 22 anos. Sobretudo quando tomou consciência sobre a vastidão do passado judaico no país.

Do fascínio pelas histórias seculares do judaísmo em território nacional, Eli Rosenfeld e o rabino português Shlomo Pereira compilaram em livro "Vozes Judaicas de Portugal". Uma obra escrita em torno de documentos que recolheram durante anos de pesquisa, em hebraico ou em ladino. Memórias que outros antes de si deixaram.

O que muitos desconhecem é que os judeus portugueses tiveram um  enorme impacto no mundo. Muitas sinagogas de vários países foram planeadas e construídas por portugueses, designadamente a primeira sinagoga nos EUA.

Cascais recebe agora a sua Casa Chabad. Dá-se assim continuidade à ideia de este ser um concelho multicultural que sabe abraçar o sonho de todos quantos o escolheram para viver, estudar ou trabalhar.  

“Este é um grande momento de podermos demonstrar de forma efetiva aquilo que também é Cascais. Um concelho tolerante que sabe pensar de forma diferente e que integra pessoas das mais diferentes culturas e religiões”, salientou o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, de visita às obras da Casa Chabad.

Do festival de velas acesas voltado para o mar, a celebração do Chanukah (que em 2017, se realizou pela primeira vez em Cascais), ao lançamento das fundações de um centro judaico, muita tinta correu e muitos obstáculos tiveram que ser ultrapassados.

Agora com a Casa Chabad quase concluída, Carlos Carreiras, dirigindo-se aqueles que se insurgiram contra a obra, referiu: “A realidade está à vista para desmentir quem fez demagogia pura e dura”.

O autarca salientou, também, a paridade do projeto prometido com a obra em fase de conclusão. Assim como o contributo do Centro Judaico para a requalificação da Costa da Guia, destacando o jardim “perfeitamente integrado na zona envolvente” e a baixa volumetria do edifício, muito inferior à dos prédios circundantes e à permitida em termos de construção para equipamento, prevista no plano de urbanização.          

Depois de séculos de obscurantismo, a tradição judaica vai voltar a ganhar a intimidade dos vizinhos próximos. O que está para nascer até ao final do ano na Costa da Guia é, assim, um espaço aberto a todas as pessoas, dedicado à aprendizagem e à partilha, além das orações.

Na Casa Chabad todos são bem-vindos, afirma Eli Rosenfeld. Quem quiser vai poder estudar a história dos judeus portugueses na biblioteca, ver exposições, participar nas celebrações e usufruir do jardim de 1500 m2, com acesso para os que têm mobilidade reduzida, que estará adjacente ao edifício.

Como diz a crença judaica, “um pouco de luz dispersa muita escuridão”. Que este Centro Cultural seja um lugar onde a comunidade judaica se sinta ainda mais em casa. Onde possa florescer o entendimento entre todos os homens, seja quais forem as raízes culturais, as memórias partilhadas ou o credo e espiritualidade professados.

Da Baía para a nova Casa,  o Chanukah já será aqui celebrado. Mais do que um edifício moderno e bem integrado na paisagem, entre o jardim sensorial e o mar, este centro é um símbolo de história viva. O sonho de uma comunidade tornado realidade. (PL)

Cascais Digital

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