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CE2019 | Desafios da Lusofonia: "Somos uma superpotência mas não o sabemos", disse Carlos Carreiras

Como podemos prosseguir a justiça global no palco da Lusofonia? Foi a grande questão colocada aos participantes num dos mais aguardados painéis da tarde deste primeiro dia das Conferências do Estoril. A cantora e compositora brasileira Adriana Calcanhotto, o escritor angolano José Eduardo Agualusa e o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras foram os convidados a debater os desafios da Lusofonia, moderados pelo jornalista Anselmo Crespo.

As questões trazidas a debate são antigas, o que se espera de novo são as respostas para os grandes problemas que afetam a comunidade lusófona: as desigualdades crescentes entre países e no seio de cada país, a necessidade de atingir o desenvolvimento sustentável, a defesa do ambiente, a luta contra a pobreza e a defesa dos direitos humanos, através da promoção da justiça.

Na sequência do que ficou dito durante a manhã, no âmbito da Cimeira da Juventude, e uma das grandes conclusões deste dia de arranque das Conferências do Estoril, é que a educação é o principal foco para responder aos desafios que se colocam à comunidade lusófona.

“ A educação é o que nos faz sair do cu do mundo”, exclamou com graça Adriana Calcanhotto, referindo-se à letra de uma das suas canções.      

A cantora brasileira salientou, ainda, a necessidade de “pensar grande, termos ambição, mas agir pequeno porque são as pequenas ações (como separar o lixo ou fechar a torneira) que promovem as mudanças” e referiu, ainda, a necessidade de promover o diálogo entre os mais velhos e os jovens, com a noção de que todos têm a aprender uns com os outros.

Para José Eduardo Agualusa “ a língua portuguesa é só uma e essa é também a sua força. Só há uma língua mas com várias variantes”. O escritor e jornalista angolano referiu a grande capacidade da língua portuguesa de “se adaptar a várias geografias e de assimilar a cultura local”, pelo que “o português namora as outras línguas nacionais e tem que crescer em conjunto com as outras línguas. Não pode ser associada a uma língua de extermínio de outras línguas nacionais e de conhecimento”, acrescentou Agualusa.

Já Carlos Carreiras defendeu que o que tem faltado à comunidade lusófona é “ambição e a falta de noção de que somos uma grande potência económica e, sobretudo, cultural”.

“ O mundo atual está a precisar dos valores identitários que a lusofonia tem, essa capacidade de nos relacionarmos, destruindo muros”, afirmou Carlos Carreiras.

O facto de todo o território da lusofonia estar em paz, o que não acontece desde há muitos séculos, é uma boa oportunidade, segundo José Eduardo Agualusa, para se investir na resolução dos problemas globais que afetam também os países lusófonos.

“O fundamental é saber construir pontes de afeto que valorizem o que temos em comum que é muito mais do que a língua”, afirmou o escritor e jornalista angolano para quem também o investimento na educação é a chave para o combate das desigualdades e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Já para Carlos Carreiras o modelo de governação assente na cidade e nas políticas de proximidade, pode ser uma das respostas para enfrentar os desafios da lusofonia. "Mas, só através da educação se conseguem diminuir as assimetrias nacionais e entre países, promovendo o desenvolvimento, garante da dignidade humana", salientou o presidente da Câmara de Cascais. 

Contudo, “há questões prementes das quais não nos podemos distrair e que são transversais ao mundo e não só à comunidade lusófona que passam pelo esgotamento dos recursos naturais e as alterações climáticas”, refere, ainda, o autarca.

Há questão de como se pode transpor o afeto para um aprofundamento real da lusofonia, José Eduardo Agualusa concluíu: “ As artes estão na linha da frente de qualquer língua, essencialmente a música, mas também a literatura, entre outras”

Para exemplificar, José Eduardo Agualusa terminou a sua intervenção com um conto de sua autoria, lido pelo próprio à atenta audiência. E, claro, seguiu-se a música de Adriana Calcanhoto que deixou toda a gente a cantarolar na língua mãe. Ou não fosse a lusofonia um lugar onde todos nos entendemos, através das nossas diferenças. (PL)

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