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Mais mês do Brincar | Será preciso criar um “Ministério da Brincadeira”?

Discutir quais as melhores políticas nacionais e locais para a ludicidade foi o objetivo do primeiro dia do seminário “Tempos e Espaços para Brincar”, uma organização da Câmara Municipal de Cascais que abre o “maio, mês do brincar”, iniciativa que traz para a mesa de debate sobre o brincar nas escolas e não só. O seminário decorre nos dias 3 e 4 de maio, no Espaço Cri’Arte, em Carcavelos.
“Isto não vai lá com referenciais”, assumiu João Costa, Secretário de Estado da Educação, quando questionado sobre qual a melhor forma de operar a mudança que leve a o (re) introduzir a brincadeira não só nas escolas, mas na vida dos cidadãos. “Precisamos de mais vereadores como este [Frederico Pinho de Almeida]”, acrescentou o governante, referindo-se às mudanças levadas a cabo pela Câmara Municipal de Cascais no que às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) diz respeito. 
 
Tal como explicou Frederico Pinho de Almeida, perante uma audiência de pais, professores, educadores, animadores e alunos, em Cascais “este ano, as AEC são muito mais tempos livres com ateliês que aproveitam os recursos locais. E, se por acaso, uma criança quiser estar a descansar, sem fazer nada, pode.” As mudanças começaram a tomar forma há vários anos, sendo primeiro passo mudar os conteúdos das AEC, até aqui “uma espécie de prolongamento das aulas” para expressões artísticas e atividade física. “Mudámos também o nome do programa “Escola a Tempo Inteiro” para “Crescer a Tempo inteiro”, humanizámos os Espaços de Recreio, valorizámos a Rede de Espaços Lúdicos – Ludotecas e Ludobibliotecas, e a construímos uma estratégia educativa local para o Brincar”, acrescentou o vereador da Educação. 
 
Porém, tal como , frisou o Secretário de Estado da Educação, para que a mudança cultural possa acontecer será talvez preciso criar um “Ministério da Brincadeira”, porque para que a brincadeira ganhe espaço na vida das pessoas, é preciso haver “conciliação da vida pessoal, familiar e profissional,  alterar políticas de emprego, organização das empresas, formas de rendimento…” Além disso, acrescentou João Costa, “a cultura não se muda por decreto, muda-se por contágio”.
 
Outras mudanças fazem, contudo falta, como defendeu Joaquim Manuel Silva, Juiz de Família e Menores do Tribunal de Mafra: “se fosse político, colocaria no sistema de ensino público a disciplina de parentalidade”, tais são os exemplos que retira dos processos que acompanha ao nível das separações e divórcios. Reconhecendo que sistema não está preparado para ajudar os pais, o juiz afirma que “esse trabalho é fundamental para que uma criança possa brincar, pois, com os pais em conflito, nenhuma criança brinca”.
 
“Triste” por reconhecer que, neste momento, “é preciso impor a necessidade de brincar”, o Secretário de Estado reconheceu o esforço de Cascais na implementação de políticas locais de ludicidade: “é muito importante haver exemplos como o de Cascais, porque este trabalho é ainda um “caminho das pedras””. 
 
“Mas, se não vamos lá com referenciais, como é que vamos lá?” Questionou Ana Gil, chefe de Divisão de Apoio Pedagógico e Inovação Educativa na Câmara Municipal de Cascais, que moderou o debate.
 
“Um dos constrangimentos é a super-proteção dos pais”, aproveitou para referir Carlos Neto, Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana, reforçando: “hoje, subir a uma árvore, já é considerada uma atividade radical….”. Para dotar pais, professores e educadores de mais ferramentas tem-se apostado muito na formação em Cascais, mas, para Carlos Neto, é importante que todos percebam que “o tédio e a frustração é essencial para as crianças crescerem”, como que diz que não têm de estar sempre ocupadas com qualquer coisa. “Quando uma criança brinca verdadeiramente perde a noção do tempo, pois brincar é um comportamento de superação”.
 
Do público vieram os exemplos dos espaços não aproveitados, como a Serra, vista como um verdadeiro parque infantil disponível a qualquer um.
Ou ainda o exemplo de brincar na rua mais comum nos bairros mais fragilizados. Mas, perguntou-se ainda, “o que se pode fazer para que a escola seja muito mais do que um espaço para treinar as crianças para algo que já se sabe que irá mudar”? 
 
“Comecámos por mudar as orientações escolares”, adiantou João Costa, manifestando o “grande carinho pelo ensino pré-escolar, onde as crianças brincam, aprendem e não chumbam. Depois, quando passam para o primeiro ano, estragamos tudo por querermos que sejam pessoas diferentes ou dizemos que são imaturas”. Por isso em algumas zonas do país já há escolas a apostar em conselhos de transição, para estudar as melhores abordagens para os anos de transição. Para o Secretário de Estado “a abordagem holística é essencial, o que obriga a tomar medidas ao níbel da gestão da sala de aula, por exemplo para evitar exageros nos trabalhos para casa”. 
 
Outros exemplos surgiram ainda no debate, em jeito de conclusão, como por exemplo, dotar os recreios de baús que convidem à descoberta, ou ainda fazer “play-bus”, uma espécie de autocarro de brincadeira, em que grupos de pessoas fecham ruas para incitar as pessoas a brincar.
 
O debate prossegue, sábado, 4 de maio, com a conferência de Theresa Casey, “Play Build Citizens” e um painel onde diversos municípios nacionais partilharão programas locais de promoção do Brincar. 
 
A abertura do seminário contou com momentos lúdicos assegurados por jogos tradicionais dinamizados pela Escola Secundária de Alvide. O apoio de Relações Públicas foi assegurado pelos alunos do Curso Profissional de Turismo da Escola Secundária de Ibn Mucana, Alcabideche.
 
No dia 25 de maio destaca-se a Corrida de Carrinho de Rolamentos no âmbito da IV Grande Prémio Galiza Carrinhos de Rolamentos.
 
Dia 28 de maio assinala-se o Dia Mundial do Brincar com uma atividade lúdica nas Conferências do Estoril 2019.
 
Frases:
“Quando não deixamos uma criança brincar estamos a violar a Declaração Universal dos Direitos da Criança”, João Costa
“Trabalhar as emoções ajuda as crianças a decidir melhor”, João Costa
 
 
FH
 
 

Cascais Digital

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