Cascais assinalou esta manhã o Dia Nacional do Mar com a inauguração da exposição “Plasticus Maritimus”, de Ana Pêgo, e a reabertura, após obras de requalificação, do Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal. Chamar a atenção para a proliferação do plástico no mar foi o objetivo que captou a atenção de dezenas de adultos e crianças.
“Nada melhor do que hoje, Dia do Mar, para reabrir o CIAPS após obras de remodelação, e para inaugurar esta magnífica exposição que ajuda a sensibilizar as pessoas para os efeitos da poluição nas nossas praias e mares”, afirma Nuno Piteira Lopes, vereador da Gestão Territorial e Intervenção Territorial na Câmara Municipal de Cascais. E se o CIAPS apresenta agora nova iluminação, equipamento renovado no auditório e sala multiusos e novidades na imagem, onde se integra a recriação de um sistema dunar logo à entrada do espaço, a exposição “Plasticus Maritimus”, que fica patente por seis meses, convida a refletir sobre as nossas atitudes e a mudar comportamentos.
“Desafio os vossos pais a virem visitar este espaço para verem, com os próprios olhos, o que acontece ao plástico que usamos no dia-a-dia”, referiu Nuno Piteira Lopes, dirigindo-se aos alunos do Externato Papião que assistiram à inauguração.
“Sabiam que 80 por cento do lixo no mar é plástico? E que este material, além dos efeitos nocivos nas espécies animais, tem uma elevada durabilidade provocando danos por muito tempo? Sabiam que nos últimos 10 anos foi produzido mais plástico do que nos últimos 100 anos que é há quanto tempo o plástico foi criado? ” Questões lançadas por Ana Pêgo, bióloga marinha autora da exposição, à audiência. Ana Pêgo, nasceu em Cascais e cresceu junto à Praia das Avencas e durante um ano apanhou os mais variados tipos de plástico nas praias do concelho formando as coleções que apresenta em várias vitrines: “isto foi tudo recolhido por mim aqui nas nossas praias”, revela, acrescentando: “além disso recolhi muitas garrafas, mas não as trouxe, porque senão esta exposição era só garrafas e não havia espaço para mais nada”.
Identificada como “Plasticus Maritimus” num trocadilho científico para despertar atenções, a nova “espécie” apresenta-se em diferentes formatos: “isqueiros, tampas, tinteiros HP de um contentor que caiu ao mar em 2014 – só destes achei 14 aqui em Cascais!” e há mais. Ana Pêgo desfia o lote de achados, entre os quais se encontram objetos viajados e com história como uma boia de pesca de espadarte dos EUA, caixas de isco, um saco de água do kit de emergência da Marinha Russa, brindes que acompanhavam gelados e chocolates nos anos 1960 e 1970, o corpo de um cavalinho de plástico de 1967, etiquetas usadas na pesca do lavagante no Canadá e Estados Unidos da América: “tenho uma que é de 1983! “, destaca a bióloga.
“Tenho aprendido muito sobre os objetos”, afirma Ana Pêgo, que nesta mesma exposição aprendeu que uma das peças do seu colar - feito a partir de plásticos recolhidos nas praias de Cascais - descobriu que o retângulo amarelo em forma de lâmina era, afinal, o suporte de pedras para os isqueiro Zippo.
A sensibilização ambiental que domina a exposição é forte e a entranhou-se já nas crianças que levaram para a escola e para casa a lição aprendida: “Recusar e Reduzir o uso de plásticos sempre que possível, pois podemos levar sacos de casa, Reutilizar e Reciclar, porque o que parece lixo pode ganhar uma nova vida”
A exposição que se estende ao Paredão de Cascais na zona adjacente ao túnel de entrada para o Parque Palmela, fica patente até dia 16 de maio de 2017.