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Património Arqueológico | Villa romana do Alto do Cidreira

O sítio arqueológico do Alto do Cidreira foi identificado no final do século XIX por Francisco Paula e Oliveira, que aí realizou os primeiros trabalhos de escavação arqueológica, os quais revelaram “duas ou três casas enterradas” numa vasta área de dispersão de materiais de construção, o que indiciava “uma numerosa população que aí habitou outrora”, que havia deixado “um fragmento de pedra inscrita e diversos fragmentos de mosaico romano”.
No início do século XX o sítio volta a merecer a atenção dos arqueólogos, quando Félix Alves Pereira dá notícia de que ali haviam sido realizadas “explorações” por Caetano da Silva Luz, Visconde de Coruche. Os vestígios arqueológicos então observados levam Félix Alves Pereira a realizar “algumas sondagens em toda a área arqueológica que […] pareceu ocupar alguns hectares de terra”. Sob a égide da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a intervenção revelou que no Alto do Cidreira existia uma ocupação de época romana, possivelmente estendendo-se a épocas posteriores.
A villa romana do Alto do Cidreira só volta a adquirir visibilidade na década de 70 do século XX, com a descoberta acidental de uma máscara em terracota. Em 1976, a pressão urbanística na área determinou a realização de várias campanhas arqueológicas, sob responsabilidade científica de José d’Encarnação e Guilherme Cardoso. Estes trabalhos permitiram identificar claramente o sítio como uma villa romana, tendo sido posta a descoberto parte da pars urbana e respetivo complexo termal. Os materiais arqueológicos exumados nestas sondagens foram alvo de publicação.
Consequentemente, a villa romana do Alto do Cidreira é classificada como Imóvel de Interesse Público em 1992 (Decreto nº26-A/92 de 1 de junho) e em 2006 é aprovado pela autarquia um plano de pormenor que regulariza o desenvolvimento urbanístico da área envolvente às ruinas arqueológicas. Em função deste plano é proposta a delimitação de uma Zona Especial de Proteção, que aguarda publicação.
No momento presente, leva-se a cabo uma política concertada de realização de trabalhos arqueológicos no âmbito da reconversão urbanística e patrimonial da área envolvente da villa romana, tendo sido realizadas pontualmente intervenções em sequência dos processos de licenciamento de construção.
Neste âmbito, em 2007 e 2011 foram efetuadas novas intervenções arqueológicas, tendo-se identificado um vasto conjunto de estruturas romanas e de outras épocas históricas. Merecem destaque o achado do aqueduto com 46 metros e de um poço, a necrópole onde foram exumados dez enterramentos e a identificação de um forno para produção de cerâmica de construção.
Se os trabalhos até 2007 revelaram a existência da pars urbana com alguma monumentalidade, sobretudo em época baixo-imperial e tardo-antiga, confirmada pela existência de artefactos de carácter verdadeiramente excecional, como a já referida máscara de terracota ou fragmentos de recipientes em terra sigillata cinzenta paleocristã, os trabalhos desenvolvidos após 2007 vieram demonstrar que a cronologia de ocupação do sítio é muito mais ampla, tendo-se iniciado em época pré-histórica e estendendo-se até à Idade Média (período islâmico). 
Os trabalhos arqueológicos realizados recentemente mostram exatamente que a villa romana do Alto do Cidreira faz parte de uma longa e complexa diacronia de ocupação de um local geográfica e economicamente apetecível à fixação humana desde a pré-história aos nossos dias. 
 

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