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Património Arqueológico | Gruta de Porto Covo
A Gruta de Porto Covo localiza-se na freguesia de Alcabideche, próximo do limite norte do Concelho.
Trata-se de uma gruta natural, de pequenas dimensões, situada na margem direita da Ribeira do Pisão (em final de curso, esta ribeira toma o nome de Ribeira das Vinhas, a mesma que passa junto às Grutas do Poço Velho e que desagua na Praia da Ribeira, em Cascais).
O estudo dos vestígios da ocupação humana neste local remonta ao final do século XIX, mais concretamente a 1879, quando, por iniciativa do geólogo Carlos Ribeiro, se iniciam os trabalhos de escavação, dirigidos por António Mendes.
Estes trabalhos revelaram a utilização do sítio em época pré-histórica (4º e 3º milénios a. C.), tendo sido a gruta aproveitada nessa altura como necrópole, ainda que de forma não contínua. Os recentes estudos antropológicos dos escassos vestígios ósseos humanos preservados permitiram identificar um número mínimo de seis indivíduos inumados: quatro adultos e duas crianças, com uma idade inferior a 5 anos.
O espólio encontrado é pouco numeroso e inclui alguns artefactos de pedra lascada (lâminas e geométricos em sílex) e pedra polida (machados e enxós), bem como três recipientes cerâmicos não decorados (taça com pé, vaso em forma de campânula e pequena taça), uma ponta de projétil de metal, ossos de animais (como hiena, lince, lobo, boi, javali ou tartaruga) e conchas. Foram ainda recolhidos dois artefactos cerâmicos da Idade do Ferro: dois cossoiros (pesos do fuso de fiação) que parecem indicar uma ocupação pontual da gruta nesta época, eventualmente como abrigo.
Comparativamente às restantes necrópoles pré-históricas coetâneas, identificadas no atual território de Cascais, a Gruta de Porto Covo apresenta algumas caraterísticas singulares. A sua localização isolada e afastada da área costeira, o escasso espólio recolhido, assim como o reduzido número de deposições funerárias registadas, poderão revelar a utilização deste espaço por uma pequena comunidade local, de forma ocasional.
