A COVID-19 obriga-nos, neste momento, ao isolamento social. As pessoas em isolamento contribuem ativamente para conter a propagação do vírus. No entanto, sabemos que esta situação, que obriga à partilha continuada e permanente do mesmo espaço físico, é geradora de stresse e pode potenciar situações de tensão, conflito e violência doméstica.
Os sentimentos expectáveis de ansiedade, preocupação, medo e raiva associados ao COVID-19 podem agravar dinâmicas relacionais disfuncionais, dificuldades de comunicação ou despoletar direta ou indiretamente (por exemplo pelo aumento do consumo de álcool) atos de violência. Sabemos, pelos exemplos internacionais (nomeadamente, a China), que existe um aumento significativo do número de casos de violência doméstica em situação de isolamento/quarentena.
Para as vítimas de violência doméstica a casa não é um lugar de segurança e conforto e, por isso, a situação de isolamento pode ser mais difícil de suportar. O isolamento pode potenciar, nestes casos, um controlo ainda maior do agressor sobre a vítima, aumentando os seus sentimentos de insegurança e vulnerabilidade e diminuindo a sua capacidade de denunciar e/ou pedir ajuda.
A violência doméstica é um crime público. Nós estamos em isolamento, mas os Direitos Humanos não. A violência doméstica é responsabilidade de todos. Mais do que nunca, precisamos de nos unir e proteger mutuamente, adotando comportamentos pró-sociais e de altruísmo cívico que nos possam manter a todos saudáveis, em segurança e em boa convivência. Esteja atento. Ofereça ajuda.