"Há Bué Tempo" pelo CasKotas Teatro Sénior no Centro de Artes do Estoril

 "Sinto-me muito feliz quando estou a fazer teatro. Fui atriz pela primeira vez e é uma experiência maravilhosa, o contacto, o ter que fixar os papéis, tudo isso ajuda a ter a mente sempre ocupada", foram as palavras de Margarida Borges, segundos antes de pisar o palco do auditório da Academia de Artes do Estoril, no Edifício Cruzeiro. 

Depois de mais de 2 anos de paragem, devido à pandemia de Covid-19, o grupo de teatro sénior "CasKotas" está de regresso com o espetáculo "Há Bué de Tempo!" Uma comédia que é uma ideia original do ator Luís Lourenço Martins que também encena e dirige os atores, onde se fala de assuntos sérios de uma forma divertida e despretensiosa.

"Este projeto já começou em 2018 e teve para estrear mas devido à pandemia não foi possível. O que era um espetáculo difícil, tornou-se num espetáculo muito complexo porque tivemos demasiado tempo para pensar", afirmou Luís Lourenço Martins minutos antes do espetáculo, garantindo que "o que hoje vão ver nunca foi feito com atores séniores e eles são geniais!" 

A forma como são tratados muitos dos idosos em Portugal e o isolamento social a que estão sujeitos, são temas que à partida não se prestariam a um espetáculo musical com comédia e cinema à mistura. Mas, fazer rir e pensar ao mesmo tempo não sendo fácil, foi plenamente conseguido pelo grupo cénico CasKotas. Ainda que jovens "há bué de tempo" os atores deixaram claro ao público que encheu o auditório que são "Kotas" mas não tanto! 

Durante quase duas horas foi possível embarcar numa viagem que juntou multimédia e teatro, atravessando as memórias mais icónicas da música e do cinema portugueses, como a Aldeia da Roupa Branca, O Grande Elias ou o Páteo das Cantigas, assim como a inauguração da RTP e o Festival da Canção. Momentos que são hoje grandes clássicos recriados no palco pelos atores que tiveram a ousadia e o talento para protagonizarem  personagens  antes representadas por nomes maiores da cultura portuguesa como Vasco Santana, Max ou intérpretes do nacional-cançonetismo como Simone de Oliveira, António Calvário, Madalena Inglésias, e até a maior fadista de todos os tempos, Amália Rodrigues.  

É o novo batismo de um grupo de teatro sénior que já apresentou vários espetáculos. Agora com a coordenação de Luís Lourenço este grupo apresenta-se com um novo nome e imagem e com um novo espetáculo de teatro. Sediado no Centro de Convívio do Rosário (Cascais), o CasKotas conta com a supervisão de Isabel Santos e o apoio da União de Freguesias de Cascais e Estoril, assim como da Câmara Municipal de Cascais. 

" Este espetáculo é uma excelente prova que para a cultura e para a arte não há idade", referiu Francisco Kreye, vereador da Câmara Municipal de Cascais que não quis deixar de dar os parabéns à União de Freguesias de Cascais e Estoril por esta iniciativa "todos nós temos uma grande admiração por aquilo que os CasKotas são capazes de fazer em palco", concluiu o vereador. 

Promover o envelhecimento ativo e combater o isolamento social e a pobreza são objetivos postos em prática nas politicas da Câmara Municipal e da União de Freguesias de Cascais e Estoril que promovem um conjunto de atividades diversificadas para a população sénior, em lares, centros de dia, associações e demais instituições e IPSS do concelho. 

" Esta é uma peça que todos já estávamos à espera há 3 anos e é o resultado do trabalho árduo dos atores e encenadores" afirmou um dos principais apoiantes deste grupo cénico sénior, Pedro Morais Soares, presidente da União de Freguesias de Cascais e Estoril. "Manter a mente ativa, atitude positiva e um grande dinamismo é o que carateriza muitos dos frequentadores dos espaços séniores da nossa freguesia de que este grupo de teatro é um bom exemplo", disse, ainda, Pedro Morais Soares.