Máscara romana de terracota, com pequenas dimensões e elevado detalhe, proveniente da villa romana do Alto do Cidreira, em Alvide, representando uma expressão, algo sarcástica de um negro (Nº inv. CID.459).
Decorria a década de 70 do século XX quando Maria Coelho, moradora de Alvide, ceifava um pouco de erva nas encostas do Carrascal. Foi este o momento do achado de um dos artefactos mais singulares do legado romano no concelho de Cascais.
Ao ter conhecimento do achado o arqueólogo Guilherme Cardoso contactou D. António Castelo Branco que adquiriu este exemplar e o integrou nas coleções arqueológicas municipais. Em 1972 é então apresentado o primeiro estudo científico sobre esta máscara assinado pelos citados investigadores aos quais se juntou Octávio da Veiga Ferreira.
No Alto do Cidreira, no Carrascal de Alvide, já tinham sido identificadas por Francisco Paula e Oliveira, “duas ou três casas enterradas” numa vasta área de dispersão de materiais de construção, após a realização de escavações arqueológicas no final do século XIX.
Mais tarde, sob responsabilidade científica de José d’Encarnação e Guilherme Cardoso, os trabalhos arqueológicos na década de 70 do séc. XX puseram a descoberto uma villa romana, com parte da pars urbana e respetivo complexo termal.
Embora se trate de um achado fortuito esta máscara de terracota, de reduzidas dimensões (43mm x 33mm x 20mm) e grande qualidade técnica, modelada num barro fino, tornou-se o elemento icónico da villa romana do Alto do Cidreira.
O seu elevado detalhe e a extraordinária expressão, conseguidas pelo artista, assentam no minucioso trabalho de recorte e modelação, deixando antever algo de sarcástico na expressão de um negro. Esta figura terá sido aplicada sobre um suporte, o qual desconhecemos, o que é sugerido pelas três pequenas perfurações que apresenta.
O uso de máscaras encontrava-se amplamente divulgados ao longo de toda a antiguidade clássica, estando as primitivas, originárias da Grécia antiga, associadas ao mundo cénico nomeadamente na Nova Comédia. Posteriormente vêm a integrar algumas práticas cultuais, nomeadamente relacionadas com as festividades de Dyonisius, deus do vinho.
Este exemplar apresenta-se como uma das mais elevadas expressões artísticas da presença romana no concelho de Cascais e encontra-se atualmente em exposição no Museu da Vila. Saiba mais sobre este museu AQUI.