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José António Proença

Nasceu em 1959 em Quintãs, freguesia de Três Povos, Fundão.

A localidade onde vivia com os pais e os avós integrava três povoações: Salgueiro, Escarigo e Quintãs. Tinha três escolas e três igrejas e entre as povoações existia uma “rivalidade” que reclamava por autonomia. José António Proença conta que para ele essas contendas deixaram de fazer sentido quando foi estudar para Belmonte e arranjou amigos dos outros lugares.


Quando ainda estudava na Escola Primária, lembra-se de ir com o pai à estação de comboios de Caria despachar as encomendas de queijos para Alcântara-Terra. Gostava do passeio, mesmo que fizesse muito frio não queria perder a oportunidade de ver o comboio passar e sentir a azáfama do local de embarque. Em 1969, quando tinha 10 anos, os pais emigram para França e deixam os três filhos à guarda dos avós. Esta foi uma decisão encarada por todos com serenidade. Continuavam a viver na casa de família, a estudar na escola da aldeia e não perderam os amigos de sempre. Uma boa parte das pessoas do interior do país emigrava e a Região da Cova da Beira não era exceção. Hoje, em conversa com a mãe sobre as razões da partida, ela diz-lhe que “nos anos sessenta ninguém ficava nas aldeias. Emigrar era quase uma moda e eles seguiram-na”. A promessa dos pais de que um dia poderia ir visitá-los nas férias para conhecer Paris, mantinham no expectante. Era bom aluno a todas as disciplinas, mas História era aquela em que superava os resultados. Em finais de Julho de 1975, aos 15 anos, completa o antigo 5º ano no Liceu de Belmonte, mas ainda não tinha ideia das suas escolhas em termos profissionais. O país vivia à época, uma crise económica. Não havia emprego garantido. Muitos colegas terminavam ali o percurso escolar, mas não conseguiam colocação.

No seu caso, já tinha decidido que continuaria a estudar. Era verão e estava de férias. Tinha chegado a sua vez de embarcar no Sud-express que o levaria na primeira viagem até Paris. O comboio seguia “à pinha” e entre os portugueses que regressavam a França, recorda-se que também viajavam muitos turistas que tinham vindo a Portugal “ver a Revolução”. Chega à 01h30 à Gare d’Austerlitz de onde telefona para os pais com os dois francos que “alguém” lhe emprestou. Não se tinha lembrado de os avisar que chegava naquele dia. “Hoje, acho que não faria isso, mas na altura não achei nada de extraordinário”, conta. Entre 1975 e 1984 passou sempre as férias de verão em Paris. Arranjava ocupações temporárias e aproveitava para aperfeiçoar o francês. Depois de completar o ensino secundário em Portugal vai viver para França durante um ano e de lá prepara-se para prestar provas de acesso ao ensino superior. Coimbra abre-lhe as portas do curso de História em 1980.

 Termina a licenciatura, leciona ainda menos de um ano na escola de Oeiras e concorre para assistente de conservador na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves e fica colocado. Entre as coleções de prestígio da Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, contam-se as Porcelana da China e a Pintura Naturalista de autores portugueses consagrados, como Silva Porto, Malhoa e Columbano. No dia-a-dia do museu, fazia visitas guiadas, participava na descrição e estudo das peças das coleções e na organização de exposições.

A diretora sabia que dominava a língua francesa e quinze dias depois, decide que seria ele a fazer a visita orientada a um grupo de profissionais do Louvre. O foco da visita incidiu sobre a relação entre a Pintura Naturalista Portuguesa e a escola francesa de Barbizon. “Naquele momento fiquei em pânico”, diz, mas a visita correu bem”. Fez boa figura. A oportunidade de fazer o Curso de Conservador de Museus surge pouco tempo depois. Como o mobiliário dos museus era das coleções menos estudadas em Portugal, a diretora propôs-lhe que o estágio versasse sobre o mobiliário da Casa Museu. Sob o título “O Reinado da Cadeira”, apresenta o estudo que incluía todos os exemplares da cadeira portuguesa no século XVIII existentes no museu. Entre os mais variados aspetos, relacionava o tipo de cadeira e os vestidos usados pelas senhoras naquela época. Com esta análise levada ao pormenor, o nome de José António Proença começa a ser indicado para colaborar com outros museus do país.

É com base neste e em muitos outros trabalhos já publicados que começa a ser sondado por museus com os quais já colaborou e que José António Proença aceita, em 2002, fazer o catálogo da coleção de mobiliário do Museu Condes de Castro Guimarães. Três anos depois foi convidado para integrar a equipa do Museu como Conservador e responsável. 

 

C - Boletim Municipal | 23 de janeiro de 2014

 

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